sexta-feira, 27 de novembro de 2020

7962. OLHÃO: dilúvio e irresponsabilidade autárquica!


1-Ontem, mais uma vez assistimos a uma inundação da cidade, desta vez sim, provocada pelo excesso de chuva, mas que poderia ser mais suavizada se estivéssemos perante uma autarquia responsável.
2-Entre 1984 e 1992 foi construída a rede separativa de esgotos que teria a função de separar os esgotos domésticos e industriais das águas pluviais. No entanto, em muitos sítios, sob os auspícios da câmara foram feitas ligações de esgotos à rede de águas pluviais.
3-Para se perceber o que acontece quando cai uma chuva mais grada, é preciso ter conhecido a malha urbana da cidade que abrange a freguesia de Olhão e parte da de Quelfes.
4-A norte da Estrada Nacional 125, existiam terrenos agrícolas que a partir da década de oitenta foram impermeabilizados com as urbanizações que se foram criando. Na estrada de Quelfes, entalado entre a chamada Casinha da Gala e a 125 surgiram varias urbanizações cujas escorrências vêm ligar à rede na estrada. Rede subdimensionada e que não acompanhou o crescimento urbano, razão pela qual, cada vez que chove, as tampas dos colectores de aguas residuais dançam no ar, fruto da pressão. Os colectores não têm capacidade para escoar a água!
5-Entre a designada Zona Alta e a 125, mais do mesmo. Urbanizações, impermeabilização dos solos sem que as infraestruturas a sul da 125 fossem dotadas de capacidade para escoar tanta agua.
6-As águas oriundas da Estrada de Quelfes, uma vez chegadas à Patinha seguem rumo à Cavalinha, onde havia um leito de cheia que a autarquia aterrou sem ter o cuidado de o dotar das infraestruturas para escoar as águas que ali vão desaguar. E não há responsáveis?
7-As águas vindas da Zona Alta seguem rumo directo ao túnel, onde ontem, para navegar seria necessário um dos submarinos do Portas.
8-Por detrás do antigo Estádio Padinha, hoje transformado em Ria Shoping, havia uma linha de água que ia desaguar no leito de cheia que eram os terrenos onde foi construída a Escola Francisco Fernandes Lopes. No lado sul da 125, havia uma vala desde o antigo Tropical até ao fim da antiga Fabrica União e que encaminhava as águas da estrada para o dito leito de cheia, leito cuja cota do solo ficava cerca de dois metros mais baixo. É obvio que as águas, procurando o ponto mais baixo, correm para o túnel. E não há responsáveis pela falta de soluções?
9-Onde hoje está a Associação 18 de Maio era um leito de cheia, tendo impermeabilizado toda a zona. Claro que as águas correm para o sítio mais baixo, o túnel.
10-Temos também parte da Zona Industrial (antiga) localizada numa zona de antigo sapal e leito de cheia, sem que tivesse sido criado qualquer caixa de retenção que permitisse absorver as águas daquele sítio.
11-A Rua 18 de Junho é a rua mais alta da freguesia, não tendo sumidores, o que faz com que as aguas corram para a Avenida ou para a Rua Almirante Reis, criando uma pressão enorme nas infraestruturas existentes e obsoletas face á realidade da cidade. Quando chove um pouco mais, é ver as tampas dos colectores a dançar sob a pressão das águas. Não se trata de entupimentos de colectores ou de sumidores, mas de sub dimensionamento das infraestruturas.
12-Poderão alguns dizer que sempre foi assim e talvez tenham um pouco de razão em relação a algumas zonas, mas esquecem que no passado não havia os meios técnicos para evitar estas situações.
13-Em muitos países ribeirinhos fazem-se caixas ( tanques) onde vão desaguar as águas pluviais e a partir daí, são bombeadas para o mar para evitar o retorno das águas.
14-Agora que estão a destruir os jardins, onde se situam os principais pontos de descarga de aguas pluviais, era a altura ideal para fazerem as estações elevatórias para evitar o retorno das aguas. Para isso é preciso que haja vontade politica, o que não parece ser a disposições dos nossos autarcas.
15-Porque o texto já vai longo, lembramos que a actual situação resulta de um urbanismo planeado em cima do joelho, em obediência aos interesses de patos bravos sem cuidar dos interesses da maioria da população. Afinal são os patos bravos quem pode enriquecer quem tem a faculdade de decidir.
16-Não venham é dizer que não há responsáveis, porque os há e foram precisamente aqueles que tomaram por opção um péssimo planeamento urbanístico! 
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