sábado, 16 de janeiro de 2021

8030. Radiação UV e SARS-CoV-2 (Covid-19)


O IPMA informa que foi recentemente publicado na revista internacional “Photochemistry and Photobiology”, um artigo científico que demonstra o potencial da radiação UV na inactivação do SARS-CoV-2 (Covid-19): Potential of Solar UV Radiation for Inactivation of Coronaviridae Family Estimated from Satellite.
Trata-se do primeiro trabalho publicado numa revista científica internacional sobre a relação do SARS-CoV-2 (Covid-19) e um elemento meteorológico, neste caso a radiação solar. A investigação que arrancou durante o confinamento, de Março e Abril, resultou da cooperação entre o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da Universidade do Porto (CINTESIS), Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) e a Universidade de Medicina Veterinária de Viena (Áustria). Pretende contribuir para orientação de políticas públicas no combate à propagação do vírus.
Estes resultados mostram que a radiação solar UV tem um elevado potencial para inactivar esses vírus, dependendo fortemente da localização geográfica e da estação do ano. Nas regiões tropicais e subtropicais (ex.: São Paulo, 23,5°S), a fracção diária de sobrevivência do vírus é inferior a 0,01 % durante todo o ano, enquanto que em latitudes mais elevadas (ex.: Reiquiavique, 64°N) essa fracção apenas pode ser encontrada em Junho e Julho.
Por exemplo, em Lisboa e no período de Março, seriam necessárias entre 3 a 10 horas para o vírus ser eliminado pela radiação UV; por outro lado, no Inverno temos tempos para esterilização superiores a 20 horas, ou seja, um dia não chega para esterilizar superfícies no exterior.
Com este estudo – e todos os trabalhos feitos sobre a influência dos factores meteorológicos sobre o novo coronavírus – prova-se ser a radiação UV efectiva na inactivação do vírus.
Estes dados têm importantes implicações potenciais práticas, em termos de recomendações de Saúde Pública, de forma a minimizar o potencial de contágio através de diferentes superfícies e mesmo no potencial de contagiosidade do SARS-CoV-2.
É ainda argumento para potencial recomendação à população para poder usufruir de exposição solar nesta época de Outono, Inverno e até início da Primavera, altura em que os níveis do Índice UV raramente são maiores que 5, pelo que não são nocivos para a pele ou de risco significativo para aumento de números de Cancros da Pele, nomeadamente para exposições em tempo moderado. Adicionalmente poderia haver recomendação para colocar o maior número de objectos, utensílios, roupas, entre outros, à exposição solar que possa ocorrer nestes meses. O estímulo de caminhadas ao ar livre, em particular em dias de Sol, é de incentivar pelos benefícios psicológicos e físicos, em particular neste tempo de Covid 19.
Adicionalmente a este artigo é de referir que, neste ano de 2020 os níveis do Índice UV foram muito elevados durante todo o mês de Maio (8 a 10, numa escala de 0 a 11, na maioria das localidade de Portugal (Continente e Ilhas) altura em que se assistiu a forte redução do número de casos Covid 19 e redução da letalidade ao mesmo, mantendo-se estes níveis baixos ate meados de Setembro, altura em que os níveis de UV reduziram significativamente. Desde essa altura até esta data, os níveis de UV tiveram naturalmente uma redução significativa em cerca de 60%, período em que se assistiu ao recrudescimento do número de casos e taxa de mortalidade. Naturalmente que esta incidência tem a ver com múltiplos factores, nomeadamente encerramento ou abertura de actividade económica, abertura de escolas, etc.
Os autores do estudo foram: Fernanda Carvalho (IPMA), Diamantino Henriques (IPMA), Osvaldo Correia (Dermatologista, Presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, Professor Afiliado da Faculdade de Medicina do Porto; Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da Universidade do Porto – CINTESIS) e Alois Schmalwieser (Universidade de Medicina Veterinária de Viena, Áustria).
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Fonte: IPMA

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