sábado, 19 de junho de 2021

8210. Efeitos do mau tempo em Portugal Continental (2ª parte)

 

Prazo às candidaturas de apoio à instalação de redes anti granizo em pomares deve ser alargado um mês – O Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira apelou hoje aos agricultores e às organizações de produtores da região que adiram “em força” às candidaturas de apoio à instalação de redes anti granizo em pomares disponibilizadas pelo Governo. “Se quisermos manter este instrumento de apoio, temos que o usar”, lembrou José Eduardo Ferreira.

O autarca lançou o apelo na sessão de esclarecimento que decorreu esta sexta-feira de manhã, em Moimenta da Beira, iniciativa que juntou dezenas de agricultores e organizações de produtores da região, em especial de Armamar, Lamego, Moimenta da Beira e Tarouca, os concelhos mais afectados pelas intempéries de granizo, geada e outros fenómenos que têm destruído nos últimos anos centenas de hectares de pomares, provocando gravíssimos prejuízos aos agricultores e à economia local.

Até ontem apenas 25 candidaturas tinham dado entrada nos serviços do Ministério da Agricultura. “Parece-me muito pouco tendo em conta as preocupações manifestadas pelos agricultores e a extensão dos prejuízos”, disse a Directora Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves, que admitiu o alargamento do prazo para a entrega das candidaturas em mais um mês, passando de 23 de Junho para 23 de Julho, dilação que permitirá o aumento do número de processos de candidaturas por parte dos fruticultores interessados.

António Tojal, Presidente da Beyra d’Ouro Fruits, uma sociedade composta por um núcleo de seis empresas da região, englobando mais de 300 produtores e mais de mil hectares de macieiras que no seu conjunto produzem cerca de 45 mil toneladas de maçã por ano, está convencido que os agricultores “à boa maneira portuguesa deixam tudo para a última hora”. O dirigente, que é também produtor e empresário, assegura que muitas candidaturas vão ainda ser apresentadas.

O Governo vai alocar 17,5 milhões de euros à instalação de redes anti granizo que têm como objectivo contribuir para a protecção dos pomares contra agentes climáticos adversos e para o reforço da viabilidade das explorações agrícolas, promovendo uma maior previsibilidade do rendimento e valorização da produção. O apoio estatal pode chegar a 60% a fundo perdido no âmbito do PDR 2020.

Na sessão de esclarecimento usaram ainda da palavra José Teixeira, da Beyra d’Ouro Fruits, que falou sobre as “vantagens de rede anti granizo”; Maria Adelaide Inácio, Directora de Serviços de Investimento da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, que apresentou a medida 3.2.1 (redes anti granizo em Pomóideas e Prunóideas); e ainda três representantes de empresas de instalação de redes anti granizo.

Notícias deViseu

Régua estima prejuízos de 2,2ME após estragos em 930 hectares de vinha – O mau tempo afectou 930 hectares de vinha no Peso da Régua e poderá originar um prejuízo de 2,2 milhões de euros na produção de vinho, segundo estimativas reveladas hoje pelo município.

O presidente da Câmara do Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, referiu que foi feito um levantamento dos estragos causados pela queda de granizo e chuva intensa no concelho, na última semana, e pediu a intervenção do Governo para apoiar os agricultores afectados. "O vinho é a principal actividade económica do concelho, é a mola do desenvolvimento do nosso concelho e desta região", afirmou o autarca à agência Lusa.

Segundo a informação divulgada pelo município do distrito de Vila Real, o território das uniões de freguesia de Poiares e Canelas e de Galafura e Covelinhas, na Região Demarcada do Douro, foi o mais afectado, com "prejuízos avultados na vinha, nos olivais, nas acessibilidades rurais e nos muros de suporte". "No que respeita à produção de vinho, o levantamento aponta para perda na ordem dos 50%. A isto acresce a destruição completa de novas plantações, que ainda não estavam aptas a produzir e que será necessário replantar. A produção de azeite também foi afectada, verificando-se prejuízos avultados nos olivais", apontou a autarquia.

O município estima que o território afectado seja equivalente a 1220 hectares, dos quais 930 hectares são vinha (350 hectares na União de Freguesias de Poiares e Canelas e 580 hectares na União de Freguesias de Galafura e Covelinhas). "Considerando a produção média de oito pipas por hectare, estima-se que, no que respeita à cultura de vinha, o prejuízo ronde os 2,2 milhões de euros", contabilizou.

A câmara deu conhecimento deste levantamento ao Ministério do Ambiente e à Direcção Regional da Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), aos deputados eleitos pelo distrito de Vila Real e aos grupos parlamentares, com assento na Assembleia da República, solicitando ajuda para "a mitigação dos prejuízos registados" no concelho do Peso da Régua. Lembrou ainda que a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro), que representa 19 municípios, já solicitou uma audiência à ministra da Agricultura, com vista à avaliação conjunta dos prejuízos registados e à definição de soluções "urgentes" e "adequadas" às necessidades dos agricultores da região.

A Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) referiu que, até quarta-feira, tinham sido afectados pelo granizo cerca de 2200 hectares de vinha principalmente nos concelhos de Armamar, Lamego, Peso da Régua e Vila Real.

A primeira ocorrência de queda de granizo, chuva intensa e trovoada aconteceu a 31 de Maio, afectando principalmente o concelho de Vila Real. Novos episódios de mau tempo aconteceram nos dia 11 e 13 de Junho, atingindo também os concelhos de Peso da Régua, de Armamar e Lamego, todos inseridos na Região Demarcada do Douro.

Há uma semana que a trovada, acompanhada de chuva intensa e, em algumas situações, granizo, afecta diferentes concelhos do distrito de Vila Real. Entre quinta-feira e hoje, verificaram-se várias inundações repentinas principalmente nos municípios de Murça e Valpaços, mas também em Chaves e Ribeira de Pena.

O serviço de Protecção Civil Municipal de Valpaços registou várias ocorrências, "a maior parte relacionadas com inundações, que provocaram obstáculos à circulação automóvel e inundações de terrenos agrícolas". Durante o dia estiveram no terreno as equipas do departamento de ambiente, dos jardins e espaços verdes, e da Protecção Civil a proceder à limpeza das vias e valetas, de modo a atenuar os constrangimentos causados pelo mau tempo.

Porto Canal

PSD reclama medidas de apoio para prejuízos causados pelo mau tempo no Norte e Centro – O PSD apresentou na Assembleia da República um projecto de resolução para que sejam adoptadas medidas de apoio extraordinárias para fazer face aos prejuízos causados pelas intempéries registadas em Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda.

“Perante a dimensão e gravidade das situações causadas por estes acidentes climáticos adversos, o Grupo Parlamentar do PSD considera que o Governo deve adoptar, urgentemente, as medidas de carácter financeiro e administrativo que se impõem, no sentido de minorar os impactos sociais e económicos nestes territórios”, lê-se no documento citado pela agência Lusa. O PSD reivindica ainda que o Governo proceda ao levantamento dos danos causados nas infraestruturas e equipamentos municipais afectados, de modo a averiguar a necessidade de aplicação de medidas específicas de apoio à sua recuperação.

Ao apresentar a questão, os sociais-democratas frisam os prejuízos causados pela “queda de chuva forte, acompanhada de granizo e trovoada”, que se registou entre final de Maio e meados de Junho, nas regiões de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda, e um pouco por todo o território, no Norte e Centro. “O resultado foi uma devastação profunda em vinhas e árvores de fruto, comprometendo as produções agrícolas do presente ano e dos anos seguintes, assim como danos materiais em infraestruturas e vias de comunicação”, apontam.

A informação destaca ainda que a intensidade do granizo, registada a 31 de Maio, afectou uma vasta área de vinha na região de Vila Real e de Viseu, com várias parcelas localizadas na Região Demarcada do Douro, e que, “passados cerca de 15 dias, mais concretamente nos dias 13, 14 e 15 de Junho”, se voltaram a registar tempestades de chuva e granizo que afectaram a mesma região do Douro, assim como a região do sul do distrito de Viseu, Região Demarcada do Dão. “Estima-se que mais de dois mil hectares de vinha e mil hectares de pomares de maçã e pequenos frutos estejam em risco de perda total”, é vincado.

Face à destruição, o PSD reivindica que a “desejável recuperação abranja não só a valorização económica, como também a valorização ambiental e territorial, especialmente nas zonas mais expostas ao risco de abandono agrícola e à perda de biodiversidade”. Por outro lado, o PSD também defende que o Governo deve fazer “um maior esforço no reforço dos instrumentos nacionais e comunitários no sentido de promover a adesão maciça ao sistema de seguros agrícolas e fundos mutualistas e consequentemente mais atractivos para os agentes económicos”.

Além disso, considera que é fundamental “a criação de um sistema de apoio público vocacionado especialmente para a agricultura familiar, pequena agricultura e agricultura de subsistência que, pela sua natureza intrínseca, se encontra particularmente [vulnerável] perante este tipo de fenómenos”.

O documento do PSD deixa ainda a recomendação de que o Ministério da Agricultura divulgue o resultado do levantamento dos prejuízos causados pelos temporais ocorridos entre 31 de Maio e 15 de Junho, nas regiões do Norte e Centro, nas diversas produções agrícolas, e que avalie a possibilidade de declaração de estado de calamidade pública para os concelhos mais atingidos e consequentemente mobilize os instrumentos necessários. Reivindica igualmente que os instrumentos financeiros para as situações onde os prejuízos foram mais elevados sejam “a fundo perdido” e que se pondere a “possibilidade de criar uma linha de crédito bonificada”.

Na lista, os deputados incluem ainda a recomendação para que se fortaleçam e alarguem as operações de investimento para a instalação de redes anti-granizo, e que a elaboração do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PAC) contemple instrumentos de gestão de crise e de risco que sejam “robustos financeiramente e adequados à realidade agrícola nacional”.

Jornal Económico

Chuva e granizo inundam casas e levam ao corte de estrada em Montalegre – A chuva intensa e a queda de granizo provocaram esta quarta-feira inundações em estradas, em habitações e numa superfície comercial em Montalegre, no distrito de Vila Real, e levaram ao corte de uma estrada, adiantou à Lusa o município. O vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, explicou que a chuva intensa e o granizo caíram sobre aquela vila durante cerca de meia hora, entre as 15.00 e as 15.30.

"A chuva repentina e a queda de pedra entupiram canalizações, o que fez com que a água entrasse em casas e mesmo em habitações em prédios, pelas varandas", referiu o responsável pela Protecção Civil municipal. Na Estrada Municipal 308 o abatimento de parte da via devido ao mau tempo levou ao corte da estrada. David Teixeira acrescentou que esta ocorrência ainda está a ser avaliada e que para já a via irá continuar cortada. Devido ao entupimento de sarjetas, também várias outras artérias ficaram inundadas de água.

"A chuva já parou e nesta altura os Bombeiros Voluntários de Montalegre e a Protecção Civil municipal estão no terreno a proceder à limpeza das vias", salientou.

Diário de Notícias

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