quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Incêndio que ameaça Parque Nacional Peneda-Gerês combatido por mais de 200 bombeiros

O concelho de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, está a enfrentar um incêndio de grandes proporções que deflagrou na noite de terça-feira, pelas 20h21, nas localidades de São Jorge e Ermelo. A combater as chamas, que já consumiram mais de 900 hectares de mato e se encontram perigosamente próximas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, estão mais de 230 operacionais, auxiliados por quatro meios aéreos. Segundo o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, as condições meteorológicas adversas, com ventos fortes, têm dificultado significativamente os esforços de contenção do incêndio. Contudo, é a suspeita de origem criminosa que mais preocupa as autoridades locais.

“Acho que podemos dizer que há fogo posto. Podemos dizer, por aquilo que se vai dizendo, que é intencional e, por isso, aquilo que eu peço e aquilo que tenho falado, já tive a oportunidade também, ainda hoje mesmo, de manhã, de falar com o secretário de Estado da Protecção Civil, em que ele me dava nota do empenhamento e dos meios aqui que seriam colocados. Temos de incrementar aquilo que são os meios de vigilância e de segurança e de judiciários para tratar este assunto”, afirmou o autarca em declarações à CNN Portugal, sublinhando a necessidade urgente de reforçar os meios de investigação e policiamento. A gravidade da situação levou o autarca a contactar directamente o secretário de Estado da Protecção Civil, solicitando um reforço das medidas de vigilância e investigação criminal para travar o que considera ser uma série de fogos de origem intencional. “Tudo indica que [o incêndio que lavra em São Jorge e Ermelo] é fogo intencional e de origem criminosa pelas circunstâncias em que ocorreu, a hora a que ocorreu, a forma como o fogo evoluiu. A informação que me vão dando é que será essa a origem deste e de muitos outros. Temos de ter uma acção concertada de forma que se consiga travar estas pessoas que têm intenções que são efectivamente criminosas”, reiterou à agência Lusa.

O presidente da Câmara também revelou que foi contactado pelo Presidente da República, que se mostrou preocupado com a situação e a necessidade de reforçar os meios de combate e prevenção a estes incêndios. Por seu lado, o segundo comandante do Comando Sub-regional do Alto Minho destacou as dificuldades adicionais causadas pelos ventos fortes que têm complicado as manobras de extinção. “Há zonas do incêndio que estão controladas, mas a cabeça do incêndio está mais complicada”, explicou em declarações à agência Lusa. Apesar dos desafios, mostrou-se cautelosamente optimista, afirmando que há a expectativa de resolver a situação até ao final do dia, embora reconhecendo que há fenómenos fora do controlo humano que podem alterar essa previsão.

Até ao momento, não foram registados feridos entre os operacionais que combatem as chamas, nem há aldeias em risco iminente, embora o avanço do fogo esteja a ser monitorizado de perto para evitar que atinja zonas habitadas. O presidente da Câmara destacou ainda os esforços incansáveis dos operacionais no terreno, bem como do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e das Juntas de Freguesia locais, que têm estado na linha da frente no combate a este e outros incêndios. Contudo, o autarca lamenta o elevado número de fogos que têm assolado a região, muitos dos quais com suspeitas de origem criminosa, o que, segundo ele, esgota os recursos disponíveis e desanima as populações envolvidas.

“O número muito elevado de incêndios, a esmagadora maioria, segundo o sentimento geral, tem origem criminosa. Isto esgota os meios, desanima as pessoas e é um combate desigual. Fazem-se todos os esforços, as pessoas passam horas atrás dos incêndios e, de repente, surge mais um e, a seguir, outro noutro lado”, desabafou o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, expressando a sua frustração com a situação e a necessidade de uma acção mais concertada para prevenir futuras ocorrências.

Pedro Zagacho Gonçalves

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Fonte: Executive


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