Condições meteorológicas adversas podem provocar condicionamentos à circulação automóvel - em especial se forem de neve e gelo. Isto porque, no essencial, as condições põem seriamente em causa a segurança do tráfego. Em Portugal, o exemplo mais óbvio é o da Serra da Estrela - em que as estradas são frequentemente cortadas ao longo do inverno devido à queda de neve.
Mas não é caso único: por exemplo, aqui ao lado em Espanha, em meados de Novembro a Direcção Geral de Trânsito do país deu conta do encerramento de pelo menos uma estrada por causa destas condições.
Já na Suíça, que tem um clima propenso a nevões invernais, há vias cortadas durante boa parte ou todo o inverno. Casos, por exemplo, da Klausen Pass e a Gotthard Pass, que segundo a Swissinfo fecharam no início de Novembro "por motivos de segurança" e assim permanecerão até à primavera.
Noutros locais da Suíça e do mundo - mais ou menos habituados à neve - mesmo com limpeza, o trânsito pode ser encerrado por conta da neve. Como acontece tantas vezes a cada inverno por cá, na Serra da Estrela. Por outro lado, os automóveis podem ser equipados com pneus de inverno e com correntes para enfrentarem essas condições.
Então, por que é que mesmo assim as estradas nevadas e geladas podem ser fechadas - e que riscos apresentam?
Desde logo, pode ler-se num documento disponível no site da Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária: "Com grandes nevões o mais seguro é não viajar".
Gelo negro
Um dos maiores riscos potenciais é o gelo negro. Trata-se de uma camada de gelo transparente que pode facilmente passar despercebida por deixar ver o piso da estrada abaixo. Ora, o condutor, alheio à presença deste perigo, pode abordar a estrada como se não existisse qualquer gelo e ser apanhado desprevenido.
Piso escorregadio
Com chuva, o asfalto pode ficar muito escorregadio e, por vezes, é difícil manter o carro sob controlo. A neve e o gelo reduzem ainda mais a aderência: "A aderência é quase nula e o veículo facilmente pode patinar, tornando-se difícil controlá-lo", segundo a ANSR.
Muitas vezes, as estradas encerradas devido à neve são de montanha - sinuosas e estreitas. São características que reduzem significativamente a margem de erro e de reagir a imprevistos (e corrigi-los a tempo), sendo que as distâncias e tempo de reacção necessários com muito pouca aderência são, só por si, maiores.
Neve acumulada
Mesmo com limpeza regular, um nevão pode deixar uma estrada intransitável pela acumulação da neve na via. Se a estrada se mantiver aberta até um local em que a passagem seja impossível, os carros presos (e, eventualmente, em busca de voltar atrás) podem gerar uma situação de trânsito muito complicada.
Segundo a agência Lusa, que citou o Comando Sub-Regional Viseu Dão-Lafões, aconteceu ontem (2 de Dezembro) uma situação em que um autocarro ficou preso na neve na região. E, de acordo com a SIC, outras viaturas ficaram igualmente bloqueadas devido à neve.
Visibilidade reduzida
A chuva e o nevoeiro, por si só, podem ter um impacto muito prejudicial na visibilidade. Com a neve, este impacto é ainda maior e influencia não só a visibilidade geral, como também pode tornar imperceptíveis as marcações rodoviárias e até a sinalização vertical, recorda a ANSR.
Imprevisibilidade
A queda de neve pode estar nas previsões meteorológicas, mas nunca se sabe, ao certo, se irá mesmo ocorrer (e se irá ocorrer na faixa horária antecipada pelos especialistas) e qual a sua intensidade. O clima não tem horas certas.
Por isso mesmo, os automobilistas podem ser apanhados de surpresa no meio da neve, sem equipamento adequado (correntes) nos veículos e ficarem até presos na estrada.
De resto, foi o que aconteceu esta terça-feira (2 de Dezembro) em Montemuro. Carlos Cardoso, presidente da Câmara Municipal de Cinfães, explicou à agência Lusa: "O nevão foi muito rápido e intenso, e apanhou alguns condutores na estrada".
Bernardo Matias
* * * * * * * * * * * * * * * `*
Fonte: Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário