Darmstadt, Alemanha, 20 Out (Lusa) - O satélite de observação terrestre europeu de nova geração MetOp-A está já em órbita polar, depois de ter sido finalmente lançado com êxito na quinta-feira do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, após cinco adiamentos.
O MetOp-A, primeiro de uma série de três novos satélites europeus de órbita polar dedicados à meteorologia operacional, entrou em órbita 69 minutos depois de ter sido lançado por um foguetão Soyuz-2/Fregat, confirmou hoje o centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC) em Darmstadt. Estes satélites destinam-se a melhorar a qualidade das previsões meteor ológicas e aprofundar o conhecimento das condições climáticas e ambientais.
O satélite leva a bordo onze instrumentos de ponta norte-americanos e e uropeus, um dos quais, o IASI (Infrared Atmosferic Sounfing Interferometer), contou com participação portuguesa. De extrema complexidade, este instrumento é capaz de medir a humidade e a temperatura em todas as camadas da atmosfera com alta resolução, registar perfis verticais de temperatura à superfície do mar, analisar as nuvens e observar a distribuição de gases com efeito de estufa, nomeadamente de dióxido de carbono (CO2). A participação portuguesa no IASI resultou de um consórcio de três empresas portuguesas de software, a Skysoft, que o liderou, a Edisoft e a Critical Software, a que se juntou uma equipa do Laboratório de Apoio às Actividades Aeroe spaciais do INETI, chefiada pelo prof. José Manuel Rebordão. O projecto, orçado em cerca de um milhão de euros, constituiu a primeira prestação de serviços portuguesa, em termos industriais, para a EUMETSAT (Orga nização Europeia de Exploração de Satélites Meteorológicos). Esse trabalho permitiu que Portugal recebesse pela primeira vez um retorno, a nível industrial, das suas contribuições para essa organização, de que é membro desde 1988, além do retorno operacional regular, através do Instituto de Meteorologia.
Os satélites MetOp resultam de um programa conjunto da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Organização Europeia de Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT), que operará os satélites em cordenação com o sistema de satélites meteorológicos da Administração Nacional da Atmosfera e do Oceano (NOAA) dos E stados Unidos. Os MetOp irão complementar os dados fornecidos pelos satélites meteorológicos Meteosat explorados desde 1978 pela EUMETSAT, que sobrevoam a Terra a alta altitude (36.000 kms), em órbitas geoestacionárias. Em contraste, os novos satélites terão órbitas polares 42 vezes mais próximas da Terra (a 837 kms de distância), o que representará um aumento considerável do detalhe das suas observações.
Com seis metros de altura e 4.085 toneladas de peso, o MetOp dará 14 voltas à Terra por dia e cobrirá qualquer ponto do planeta pela menos duas vezes, tendo também capacidade para captar mensagens de socorro de navios e aeronaves em situações de emergência, transmitindo-as de imediato às autoridades responsáveis pelas operações de busca e salvamento. Construído pelo grupo europeu de aeronáutica e defesa EADS para a agência espacial francesa (CNES, Centro Nacional de Estudos Espaciais), o MetOp é a primeira contribuição europeia para o sistema de satélites polares norte-americanos, o primeiro dos quais, o Tiros-1, foi lançado em 1960.
Os europeus dependiam até agora das informações meteorológicas fornecidas por estes satélites norte-americanos, mas vão passar a partilhar a responsabilidade por estes sistemas polares pelo menos até 2019, ao abrigo de acordos estabelecidos entre a EUMETSAT e a NOAA. O MetOp-A substituirá um de dois satélites de órbita polar actualmente operados pela NOAA.
Os dois terão órbitas complementares, com o europeu a observar cada ponto da Terra sempre à mesma hora, a meio da manhã, e o norte-americano a ter uma missão idêntica, a meio da tarde. Juntos, o MetOp da EUMETSAT e os satélites polares da NOAA fornecerão dados globais para melhorar as previsões de mau tempo e o socorro a catástrofes, e para monitorizar o ambiente.
"O êxito do lançamento representa um importante marco na meteorologia operacional global", afirmou Lars Prahm, director-geral da EUMETSAT, acrescentando que os satélites MetOp irão "revolucionar o modo como o tempo, o clima e o ambiente da Terra são observados". Os três satélites do programa MetOp representam um investimento total de 2,4 mil milhões de euros, dos quais 1,8 mil milhões por parte da EUMETSAT e o restante essencialmente pela ESA.
Portugal é membro da EUMETSAT desde 1988 e da ESA desde 2000.
Sem comentários:
Enviar um comentário