quinta-feira, 2 de novembro de 2006

578. Emissões de gases com efeito de estufa voltam a aumentar

As emissões de gases com efeito de estufa estão de novo a aumentar no planeta, apesar dos esforços requeridos no Protocolo de Quioto para as reduzir e travar o aquecimento global, indica um relatório da ONU.
As emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases que retêm calor baixaram nos anos 1990 depois do colapso do bloco soviético e do encerramento de velhas e poluentes fábricas e centrais de energia no leste da Europa. Mas a recuperação actual dessas economias contribuiu para um aumento de 2,4 por cento das emissões de 41 países industrializados entre 2000 e 2004.
"Isto significa que os países industrializados terão de intensificar os seus esforços para implementar políticas fortes que reduzam as emissões dos gas es com efeito de estufa", disse o chefe do secretariado da ONU para a Convenção Quadro sobre as Alterações Climáticas. Os cientistas atribuem o aumento de 0,6 graus Celsius registado no último século na temperatura global, pelo menos em parte, à acumulação na atmosfera de gases com efeito de estufa e dizem que essa tendência será responsável por perturbações climáticas.
Ao abrigo do Protocolo de Quioto (1997), 35 países industrializados com prometeram-se baixar os níveis de emissões de 1990 em 5 por cento em média até 2 012. Os Estados Unidos, principal poluidor do planeta, rejeitou este acordo.
Entre 1990 e 2004, as emissões de todos os países industrializados baixaram 3,3 por cento, sobretudo devido a uma redução de 36,8 por cento no antigo bloco soviético, segundo um relatório da ONU. Porém, desde 2000 "essas economias em transição" aumentaram as emissões em 4,1 por cento.
"Dos 41 países industrializados, 34 aumentaram as emissões entre 2000 e 2004", refere o documento. Nos Estados Unidos, fonte de dois quintos dos gases com efeitos de estufa de todo o planeta, as emissões cresceram 1,3 por cento no mesmo período e qua se 16 por cento entre 1990 e 2004.
O grupo de 41 países definidos como industrializados na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (1992) não inclui nações em rápido desenvolvimento do Terceiro Mundo como a China e a Índia.
Entre os países subscritores do Protocolo de Quito, a Alemanha reduziu as suas emissões em 17 por cento entre 1990 e 2004, o Reino Unido em 14 por cento e a França em cerca de 1 por cento, diz a ONU.
Segundo um relatório divulgado na semana passada pela Comissão Europeia, Portugal é um dos sete Estados-membros da UE sem perspectivas de cumprir os ob jectivos de Quioto, mesmo recorrendo a medidas suplementares para reduzir as emissões. De acordo com as projecções de Bruxelas, mesmo recorrendo a políticas e medidas adicionais, aos denominados "mecanismos de Quioto" e à reflorestação, Portugal apresentará em 2010 um aumento das emissões de gases com efeito de estufa de 31,9 por cento, quando o seu compromisso é de não exceder os 27 por cento.
Entre os países incumpridores, que mesmo nas perspectivas mais optimistas não esperam cumprir os objectivos de Quioto, apenas a Espanha, de forma destacada, e a Áustria ficam mais longe dos objectivos traçados que Portugal. Bélgica, Dinamarca, Irlanda e Itália são os outros quatro Estados-membros que também não esperam atingir os objectivos com os quais se haviam comprometido.
Numa nota positiva, a ONU afirma que o mundo industrializado está a tornar-se mais eficiente do ponto de vista energético: entre 2000 e 2004 foram preceisos menos 7 por cento de gases com efeito de estufa para produzir um dólar de produto interno bruto (PIB).
Agência LUSA 2006-10-30

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