sábado, 15 de dezembro de 2007

1438. Recuo dos EUA permite consenso na conferência de Bali

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática escapa de fracasso na última hora e aprova roteiro para as negociações de um acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto. Após vários dias de discussões, os 187 países que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em Bali, na Indonésia, chegaram a um consenso que permite o início das negociações para um acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto. O consenso foi obtido apenas neste sábado (15/12), após os Estados Unidos cederem a reivindicações dos países pobres.
O novo tratado deverá estar finalizado até o final de 2009 e deverá garantir que as emissões mundiais de gases do efeito estufa sejam claramente reduzidas até a metade deste século. As negociações para o novo acordo, que terão a participação dos Estados Unidos e da China, deverão começar em Abril de 2008 e terminar no final de 2009, em Copenhaga. O novo tratado deverá entrar em vigor em 2012, quando o Protocolo de Kyoto deixará de valer.

O acordo negociado na cidade japonesa – e que não foi ratificado pelos Estados Unidos – prevê que os países industrializados diminuam as suas emissões de gases do efeito estufa em 5% até 2012 em relação aos níveis de 1990. Se depender dos europeus, o novo acordo estabelecerá uma redução entre 25% e 40% até 2020.
Para o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, o resultado obtido de última hora é muito mais do que se poderia esperar diante dos interesses conflituantes que haviam sido expostos em Bali. Mas é menos do que a União Europeia e a Alemanha inicialmente esperavam alcançar. Segundo Gabriel, o importante é que agora existe um mapa de negociações para um novo tratado climático com um comprometimento "claramente maior" dos países industrializados, incluindo os Estados Unidos, com a protecção do clima.
Outro sucesso de Bali é que, pela primeira vez, os países em desenvolvimento estão comprometidos com a adopção de medidas de protecção do clima.
A chanceler federal Ângela Merkel definiu o resultado como um "grande êxito" e disse que ele abre caminho para as negociações sobre medidas eficientes de protecção ambiental. Ela disse estar convencida de que o plano de acção de Bali logo comprovará ser "indicador de um rumo e estabelecedor de bases".
O acordo em torno do "mapa do caminho" de Bali foi obtido numa sessão final dramática, na qual, cerca de 20 horas após o término previsto da conferência, a delegação americana resolveu retirar as suas objecções ao documento final. A chefe da delegação americana, Paula Dobriansky, disse que seu país não queria mais ficar no caminho de um consenso.
Os americanos aceitaram incluir no texto final uma exigência dos países em desenvolvimento para que as nações industrializadas transfiram tecnologia aos países pobres com o objectivo de ajudá-los a combater o aquecimento global. Em troca, estes países deverão comprometer-se com a adopção de medidas de protecção climática, como a redução das emissões de gases do efeito estufa e a protecção das suas florestas.
Mas os Estados Unidos opuseram-se à vontade dos europeus de incluir, no plano de acção para o novo acordo climático, uma referência explícita à meta de redução de 25% a 40% nas emissões de gases do efeito estufa dos países industrializados até 2020. Com isso, o documento final contém apenas uma nota de pé de página com uma referência ao relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que traz esses percentuais.
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Fonte: DW-WORLD

Imagem: Euronews

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