Nas margens dos rios do Noroeste de Portugal, um narciso muito especial pode estar ameaçado pelas alterações climáticas. É um indicador dos impactos esperados na flora, da planta mais sensível às árvores.
Apesar de a região ser a menos afectada pelo aumento da temperatura e pela diminuição da precipitação, os "martelinhos", como é conhecido o Narcissus cyclamineus, cujas populações estão diminuídas por causa da pressão da exploração agrícola e do corte da vegetação ribeirinha, podem ser afectados pela intensificação da sazonalidade das chuvas, estima João Honrado, botânico da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Espécies da floresta com elevada importância ecológica como o carvalho, o teixo, o azevinho e o azereiro estão entre as que "podem não acompanhar os ritmos das alterações", devido à capacidade de dispersão limitada e à expansão lenta, como prevê o projecto SIAM II – Alterações Climáticas em Portugal. Se o clima for mais quente, as espécies tenderão a deslocar-se para Norte e a subir em altitude. Mas "pode não haver tempo para que certas espécies ajustem a sua distribuição às novas condições climáticas, já que as mudanças estão aparentemente a ser mais rápidas e mais intensas do que a sua capacidade de resposta".
Pode não haver impactes directos sobre as espécies, mas sim sobre os habitats. Se o clima ficar seco, as dependentes da água – como os anfíbios e muitas plantas – terão previsivelmente áreas de distribuição mais limitadas. "Mesmo que só alguns atributos sejam alterados, será um problema". O desaparecimento de algumas espécies pode condicionar o equilíbrio de todo o ecossistema e a forma como ele presta serviços ambientais, os conhecidos "serviços ecossistémicos", como a depuração da água e do ar, a polinização ou a formação do solo.
Os problemas das alterações climáticas serão "tanto maiores quanto mais associados a outras pressões de origem antrópica, como a fragmentação dos habitats devido à agricultura intensiva, monoculturas florestais, urbanização e vários outros tipos de uso do solo", sublinha João Honrado. Com a alteração do clima, a floresta nativa pode vir a conquistar áreas abandonadas. "Isso também depende da dinâmica socioeconómica no território: se se traduzir num abandono da agricultura e da pastorícia, as terras começarão a ser conquistadas por matos e giestas, favorecendo, a instalação da floresta autóctone".
Uma das espécies dominantes, a giesta, garante que o solo ganha e mantém características que assegurarão a regeneração com espécies que existem já nele ou com outras que possam chegar naturalmente, através de sementes transportadas pelo vento ou pelas aves – é a sucessão ecológica.
Apesar de a região ser a menos afectada pelo aumento da temperatura e pela diminuição da precipitação, os "martelinhos", como é conhecido o Narcissus cyclamineus, cujas populações estão diminuídas por causa da pressão da exploração agrícola e do corte da vegetação ribeirinha, podem ser afectados pela intensificação da sazonalidade das chuvas, estima João Honrado, botânico da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Espécies da floresta com elevada importância ecológica como o carvalho, o teixo, o azevinho e o azereiro estão entre as que "podem não acompanhar os ritmos das alterações", devido à capacidade de dispersão limitada e à expansão lenta, como prevê o projecto SIAM II – Alterações Climáticas em Portugal. Se o clima for mais quente, as espécies tenderão a deslocar-se para Norte e a subir em altitude. Mas "pode não haver tempo para que certas espécies ajustem a sua distribuição às novas condições climáticas, já que as mudanças estão aparentemente a ser mais rápidas e mais intensas do que a sua capacidade de resposta".
Pode não haver impactes directos sobre as espécies, mas sim sobre os habitats. Se o clima ficar seco, as dependentes da água – como os anfíbios e muitas plantas – terão previsivelmente áreas de distribuição mais limitadas. "Mesmo que só alguns atributos sejam alterados, será um problema". O desaparecimento de algumas espécies pode condicionar o equilíbrio de todo o ecossistema e a forma como ele presta serviços ambientais, os conhecidos "serviços ecossistémicos", como a depuração da água e do ar, a polinização ou a formação do solo.
Os problemas das alterações climáticas serão "tanto maiores quanto mais associados a outras pressões de origem antrópica, como a fragmentação dos habitats devido à agricultura intensiva, monoculturas florestais, urbanização e vários outros tipos de uso do solo", sublinha João Honrado. Com a alteração do clima, a floresta nativa pode vir a conquistar áreas abandonadas. "Isso também depende da dinâmica socioeconómica no território: se se traduzir num abandono da agricultura e da pastorícia, as terras começarão a ser conquistadas por matos e giestas, favorecendo, a instalação da floresta autóctone".
Uma das espécies dominantes, a giesta, garante que o solo ganha e mantém características que assegurarão a regeneração com espécies que existem já nele ou com outras que possam chegar naturalmente, através de sementes transportadas pelo vento ou pelas aves – é a sucessão ecológica.
Se tivermos as serras cobertas com vegetação, haverá regulação dos recursos hídricos e processos biogeoquímicos com efeitos positivos na produtividade das plantas. Mas a capacidade depende do historial de utilização do espaço. Por exemplo, algumas zonas serranas – no Gerês, na Estrela, no Marão, no Montemuro – estão despovoadas e sem vegetação e grande parte da vegetação florestal autóctone está refugiada no fundo dos vales, pelo que se prevê demorada a sua regeneração natural.
Se as precipitações se tornarem menos regulares, nomeadamente no Alentejo e em Trás-os-Montes, e se não houver solo e cobertura vegetal capaz de reter a água, a sobrevivência de plantas e animais pode ficar ameaçada. Como nos planos de ordenamento florestal se prevê a utilização das espécies autóctones folhosas para produção e compartimentação, para efeitos de protecção conta os incêndios, o botânico crê que "a capacidade de serviços ecológicos e de protecção do solo, retenção de água, regulação de ciclos bio-geoquímicos, prevenção de incêndios, etc. poderá vir a ser bastante incrementada".
Alfredo MaiaSe as precipitações se tornarem menos regulares, nomeadamente no Alentejo e em Trás-os-Montes, e se não houver solo e cobertura vegetal capaz de reter a água, a sobrevivência de plantas e animais pode ficar ameaçada. Como nos planos de ordenamento florestal se prevê a utilização das espécies autóctones folhosas para produção e compartimentação, para efeitos de protecção conta os incêndios, o botânico crê que "a capacidade de serviços ecológicos e de protecção do solo, retenção de água, regulação de ciclos bio-geoquímicos, prevenção de incêndios, etc. poderá vir a ser bastante incrementada".
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Fonte (texto e imagem): Jornal de Notícias
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