Ao caminhar pelo campus da Universidade Estadual de Montana, o patologista botânico David Sands afirma que o manto de neve caído sobre as montanhas em volta da cidade contém uma surpresa. A causa da maior parte daquela neve, segundo ele, é um organismo vivo, uma bactéria chamada Pseudomonas syringae.
Nos últimos anos, Sands e outros pesquisadores acumulam evidências de que o bem conhecido grupo de bactérias habitante de lavouras têm distribuição muito mais ampla e pode ser parte do pouco estudado ecossistema do clima da região. O princípio é bem aceite, mas a amplitude do fenómeno continua a ser questão de debate.
O modelo de precipitação aceite é que a fuligem, poeira e outras coisas inertes formam os núcleos de chuva e flocos de neve. Os cientistas descobriram essas bactérias em abundância nas folhas de uma vasta gama de plantas silvestres e domésticas, incluindo árvores e gramíneas, em lugares como Montana, Marrocos, França, Alasca e no gelo há muito enterrado da Antárctida. As bactérias foram encontradas em nuvens, córregos e valas de irrigação.
O modelo de precipitação aceite é que a fuligem, poeira e outras coisas inertes formam os núcleos de chuva e flocos de neve. Os cientistas descobriram essas bactérias em abundância nas folhas de uma vasta gama de plantas silvestres e domésticas, incluindo árvores e gramíneas, em lugares como Montana, Marrocos, França, Alasca e no gelo há muito enterrado da Antárctida. As bactérias foram encontradas em nuvens, córregos e valas de irrigação.
Num estudo de várias montanhas, 70% dos cristais de neve examinados tinham-se formado à volta do núcleo de bactérias. Algumas das bactérias promovem o congelamento como forma de atacar as plantas. Elas fabricam proteínas que as mantêm a temperaturas mais elevadas que o habitual; a água congelada resultante danifica a planta e permite o acesso das bactérias aos nutrientes de que precisam.
A capacidade de promover o congelamento, além de temperaturas mais elevadas que as normais, levou Sands e outros cientistas a acreditar que as bactérias são parte de um sistema não estudado. Depois que as bactérias infectam as plantas e se multiplicam, diz ele, podem ser espalhadas como aerossóis no céu, onde parece que elas induzem a formação de cristais de gelo (que derretem quando caem na Terra, causando chuva) em temperaturas mais elevadas do que a poeira ou partículas minerais que também funcionam como os núcleos de cristais de gelo. "A chuva é um mecanismo que ajuda a movimentar essas coisas", disse Cindy Morris, patologista botânica do Instituto Nacional Francês para a Investigação Agrícola, que estuda as bactérias.
A capacidade das proteínas contidas nas bactérias para fazer neve é bem conhecida. Áreas de esqui usam um canhão para dispará-las no ar com água para produzir neve, e ela é utilizada nos esforços de semeadura das nuvens para criar chuva. Uma única bactéria, muito pequena para ser vista a olho nu, poderia produzir moléculas de proteína suficientes para 1.000 cristais de neve.
Os pesquisadores acreditam que existem outras bactérias e fungos que fazem a mesma coisa. Roy Rasmussen, um físico que estuda nuvens no Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos, diz que as pesquisas, principalmente por fitopatologistas, renovaram o estudo dos físicos de atmosfera sobre bactérias como causadora de chuvas. No entanto, algumas grandes questões permanecem.
"É uma boa teoria", disse Rasmussen. "A questão é: será que esses organismos entram na atmosfera em concentrações suficientemente grandes para surtir efeito? A minha intuição diz que isso pode ser importante para locais específicos e horários específicos, mas não é global."
Russ Schnell, cientista atmosférico da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, foi o primeiro a propor, num estudo publicado pela revista Nature em 1970, em conjunto com o seu colega Gabor Vali, a importância de bactérias na formação de cristais de gelo em nuvens. "Mas não tínhamos técnicas para fazer mais", Schnell afirmou. "As ferramentas agora são incrivelmente melhores do que quando estávamos a fazer essa pesquisa. É uma coisa boa de se ver."
O interesse pelas bactérias tem crescido por causa de publicações recentes e de duas reuniões internacionais sobre o assunto. Morris estimou que cerca de 30 cientistas à volta do mundo pesquisam o papel das bactérias no clima.
Se Sands estiver correcto sobre a importância das bactérias, haveria implicações para a destruição da vegetação através de pastoreio ou de extracção de madeira, que poderiam diminuir a presença de bactérias e de contribuir para secas. Por outro lado, porque as bactérias florescem em algumas plantas e são escassas em outras, plantar a vegetação correcta pode aumentar as chuvas. "O trigo ou cevada, dependendo de sua variedade, podem alterar em mil vezes o número de bactérias, disse Sands.
A investigação continua. Na Inglaterra, os cientistas colectam amostras de água das nuvens, e analisam o DNA de micróbios nela. Pesquisadores na Virgínia Tech têm sequenciado o X de 126 cepas de bactérias para criar um banco de dados que possa permitir aos cientistas rastreá-las. "É um sistema complicado", disse Brent C. Christner, professor da Universidade Estadual da Louisiana, que estuda a ecologia microbiana em gelo glacial e encontrou a bactéria na Antárctida. "Você não pode trazê-las para o laboratório para enumerá-las e estudá-las."
A pesquisa pode ter implicações para a mudança climática. Sands disse que as bactérias não crescem em temperaturas acima de 28 graus. Se as temperaturas ficarem muito quentes por muito tempo, disse ele, elas poderiam morrer.
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Fonte (Texto e imagem): VEJA
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