O mau tempo causou nesta sexta-feira inundações em
Amarante, onde o rio Tâmega alagou durante a tarde algumas caves de lojas e
habitações, e em Ovar, onde a água chegou a campos, algumas caves e casas
próximas da ria.
O rio Tâmega subiu cerca de dois metros. Segundo
Hélder Ferreira, vereador da câmara municipal de Amarante, houve comerciantes
que, alertados pela protecção civil, esvaziaram as caves. O caudal continua a
subir, mas a um ritmo menos acentuado, explicou o autarca à agência Lusa,
referindo que o dispositivo de protecção civil está em alerta máximo, mantendo
junto ao rio meios dos bombeiros e da GNR.
Já em Ovar, o comandante dos bombeiros voluntários
disse à Lusa que as piores situações locais motivadas pelo mau tempo foram
campos inundados e alguma água em caves da cidade e casas próximas da ria, mas
garantiu que "o pior já passou" e que não houve vítimas ou danos. “Durante a
noite já houve precipitação forte, sobretudo no Minho e Douro Litoral, mas sem
ocorrências de maior, adiantara ao princípio do dia o meteorologista Ricardo
Tavares, do Instituto de Meteorologia.
Em Viana do Castelo, apesar da chuva e dos ventos
fortes, não se registaram danos de especial gravidade. Ainda assim, o CDOS
registou a queda de 27 árvores em todo o distrito, com maior incidência nos
concelhos de Ponte de Lima e Ponte da Barca. Há ainda registo de seis inundações
em casas particulares, de um deslizamento de terras que obstruiu uma estrada em
Amonde e da queda de um painel de publicidade em Valença. Nenhuma destas
situações provocou feridos.
Em Braga, a “noite foi muito complicada e trabalhosa”,
avançou fonte do CDOS do distrito. Os Sapadores de Braga acudiram a várias
quedas de árvores, inundações e derrocadas de muros. O mau tempo antecipou as
férias de Natal dos 900 alunos do Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro,
onde a Protecção Civil municipal deu ordens para que as crianças regressassem a
casa, por causa do mau tempo, informaram à Lusa fontes locais. Segundo uma
responsável do agrupamento, os alunos ainda se deslocaram para as suas escolas,
mas pouco depois seriam transportados de regresso a casa. “Como é uma zona
acidentada [...] e como há várias derrocadas que vão cortando as estradas aqui e
ali, a Protecção Civil achou por bem que os alunos deveriam regressar a casa,
por uma questão de segurança, até para prevenir um eventual agravamento das
condições climatéricas”, afirmou. “Estavam previstas algumas actividades normais
do último dia de aulas, como a festa da associação de estudantes, mas foi tudo
cancelado. É um transtorno, mas primeiro a segurança, naturalmente”,
acrescentou.
Também por causa das “adversas condições
meteorológicas”, a Câmara de Terras do Bouro anunciou que o desfile Moda em
Movimento, que estava agendado para esta sexta-feira, foi adiado para dia 21. O
Moda em Movimento é um projecto de animação e promoção do comércio tradicional,
dinamizado pelo grupo ideiacinco, com sede em Vila Verde, em parceria com a
Associação Comercial de Braga (ACB) e, neste caso, com o apoio do município de
Terras de Bouro.
No Porto, onde o alerta em vigor é o amarelo, houve
árvores e painéis de publicidade caídos, pequenas inundações sem danos materiais
nem pessoais. Segundo uma responsável do Comando Distrital de Operações e
Socorro (CDOS) deste distrito, os prejuízos podem ser considerados como "nada de
muito significativo". Liliana Nunes disse ao PÚBLICO, nesta manhã de
sexta-feira, que as principais ocorrências foram registadas na faixa litoral do
distrito, excluindo os concelhos de Vila do Conde e Póvoa de Varzim. Nos do
Porto, de Gaia, Maia, Gondomar e Matosinhos houve alguns pedidos de ajuda para
inundações de pequena dimensão, árvores tombadas pelo vento ou vias obstruídas
com materiais que foram arrastados. "Problemas pontuais", resumiu a mesma
responsável.
Nos CDOS de Vila Real, Bragança e Castelo Branco a
forte precipitação que se fez sentir durante a noite não se reflectiu em mais
ocorrências, segundo disseram ao PÚBLICO. No distrito de Coimbra, há registo de
três quedas de árvores, que não causaram quaisquer danos: duas na Figueira da
Foz e outra em Penacova.
Em Aveiro, o temporal também não terá causado danos
para além da queda de algumas árvores, adiantou o operador do CDOS daquele
distrito onde, ao início da manhã, ainda se estava a contabilizar o número de
ocorrências.
Perante a previsão de “ocorrência de chuva forte a
muito forte e persistente para as regiões Norte e Centro do país, com vento
forte, em especial nas terras altas e agitação marítima que poderá chegar aos
cinco metros em toda a costa ocidental”, a Autoridade Nacional de Protecção
Civil decidiu activar um alerta de nível amarelo para esta sexta-feira, o
segundo de uma escala de quatro. O alerta amarelo abrange dez distritos (Viana
do Castelo, Braga, Bragança, Vila Real, Aveiro, Porto, Viseu, Guarda Coimbra e
Castelo Branco) e “pressupõe o reforço da monitorização e a intensificação, por
parte do dispositivo de resposta, de acções preparatórias para eventuais
intervenções”.
O Instituto de Meteorologia tinha colocado sob aviso
vermelho (o mais elevado de uma escala de quatro) os distritos de Viana do
Castelo e de Braga e mais oito distritos do norte e centro em aviso laranja
devido ao mau tempo, chuva intensa e vento forte. O aviso vermelho corresponde a
uma “situação meteorológica de risco extremo”. O aviso laranja que afecta Vila
Real, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu e Guarda, Coimbra e Castelo Branco
significa a existência de um “risco moderado a elevado”.
Outros distritos do centro e sul (Leiria, Santarém,
Portalegre, Lisboa, Évora, Setúbal e Beja) foram colocados sob aviso amarelo,
que significa que pode haver situações de risco sobretudo para determinadas
actividades que dependem das condições meteorológicas. Faro é o único distrito
pintado a verde, isto é, onde não se prevê nenhuma situação de risco. A previsão
meteorológica aponta para muita chuva e vento até sábado.
Victor Ferreira, Romana Borja-Santos, Cláudia Sobral,
Álvaro Vieira e João Ribeiro
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Fonte: Jornal PÚBLICO
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