A chuva e vento fortes registados
durante a madrugada desta quarta-feira na Madeira provocaram vários estragos
materiais, particularmente nas zonas junto à costa. As condições meteorológicas
melhoraram esta manhã, o que levou o governo regional a reabrir os
estabelecimentos de ensino da parte da tarde, mas a agitação marítima continua
e provocou já uma vítima mortal.
Um funcionário da Câmara de
Machico ficou ferido com gravidade depois de cair ao mar, pelas 8h15, quando
tentava amarrar uma embarcação de apoio ao Museu da Baleia no porto de abrigo
da cidade e socorrer dois navegadores alemães. Acabou por morrer no hospital. Quando
foi resgatado, o funcionário camarário estava inanimado, em paragem
cardiorrespiratória e em situação de hipotermia, revelou o coordenador do
serviço regional de emergência médica. Apesar de todos os cuidados prestados no
local (reanimação cardiorrespiratória e desfibrilação), não foi possível salvar
o acidentado, adiantou, que acabou por morrer já no hospital central do
Funchal, para onde foi transportado, confirmou ao PÚBLICO o presidente da câmara.
A vítima, com 45 anos, casado e pai de dois menores, era mestre do veleiro
propriedade da autarquia e que estava afecto ao Museu da Baleia, localizado no
Caniçal.
Apesar dos fortes períodos de
vento e precipitação verificados durante a última noite, nalguns momentos
acompanhados de trovada, "não houve grandes problemas, com excepção de
algumas derrocadas, quedas de árvores e deslizamentos de terras sem grandes
consequências", revelou o presidente do Serviço Regional de Protecção
Civil. Devido às derrocadas, encontram-se encerradas as ligações Portela-Porto
da Cruz, a estrada junto ao cemitério novo desta localidade no Norte da ilha, e
as estradas Serra d'Água-Encumeada e Encumeada-Lombo do Mouro, na Ribeira
Brava.
Atendendo às condições
meteorológicas adversas e de segurança que os acessos às escolas ofereciam, o
Governo Regional da Madeira decidiu manter encerradas as escolas na manhã desta
quarta-feira. Mas, depois de uma reavaliação feita com a Protecção Civil,
anunciou a reabertura das actividades lectivas em todos os estabelecimentos de
ensino a partir das 13h.
Esta decisão de encerrar as
escolas surgiu depois de já na terça-feira se terem registado danos
consideráveis na costa Sul da Madeira. As condições atmosféricas adversas
registadas no final da tarde e noite de terça-feira afectaram as ligações
áreas. Devido ao cancelamento de um total de 23 movimentos (13 das 19 chegadas
e 12 das 21 partidas previstas) de aviões no aeroporto madeirense que foram
desviados para o Porto Santo, Lisboa e Lanzarote, foram afectados cerca de três
mil passageiros. A TAP cancelou o seu primeiro voo desta quarta-feira, com
destino a Lisboa.
Na capital madeirense são
visíveis os estragos em piscinas de hotéis, na marina e nas obras de construção
do novo cais de cruzeiros. Pelo menos duas dezenas de embarcações que estavam
no porto de abrigo de Santa Cruz e de Machico, todas elas sem ninguém a bordo,
afundaram-se devido à forte ondulação, anunciou o comandante da Zona Marítima
da Madeira, Félix Marques. Houve igualmente danos nos portos de abrigo e
marinas daquelas cidades, tendo também sido projectadas pedras que danificaram
o parque desportivo de Água de Pena. A piscina municipal do Caniçal ficou
igualmente danificada.
Na Calheta, afundaram-se duas
embarcações que estavam na marina junto à praia artificial, cuja areia
marroquina desapareceu com as ondas. As condições atmosféricas adversas no
arquipélago estão também a afectar as ligações marítimas na região. As ligações
entre o Funchal e o Porto Santo foram canceladas até quinta-feira, por razões
de “segurança do navio e dos passageiros”, diz a empresa operadora.
Três navios de cruzeiro alteraram
as escalas na sequência da forte ondulação nos mares da região: o Albatroz
pernoitou no porto do Funchal; e o Aida Blue, que devia sair na noite de
terça-feira, adiou a partida para a manhã desta quarta-feira, dia para o qual o
MSC Harmonia adiou a chegada. Segundo a Administração dos Portos da Madeira,
não há previsão de saída dos dois navios cargueiros atracados no porto do
Caniçal.
As regiões montanhosas da Madeira
encontravam-se sob aviso vermelho, o mais grave de uma escala de quatro, devido
à previsão de precipitação e ventos fortes do quadrante Sul com rajadas que
atingiram os 130 quilómetros/hora. Mas já esta manhã, o Instituto Português do
Mar e da Atmosfera (IPMA) passou o aviso para amarelo, atendendo à previsível
melhoria das condições atmosféricas e marítimas.
Tolentino de Nóbrega
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Fonte: PÚBLICO
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