sexta-feira, 4 de julho de 2014

4806. Pinhão: inundações repentinas




O fenómeno das inundações repentinas ocorridas na parte baixa do Pinhão, ao final da tarde de ontem, teve a sua origem na combinação de elementos meteorológicos associados à morfologia local, onde predomina o relevo montanhoso, com elevado desnível.
O estado do tempo no interior norte estava ontem condicionado pela presença de um núcleo de ar frio em altitude no interior da Península Ibérica que, tendo um movimento giratório contrário ao dos ponteiros do relógio, favoreceu o aparecimento de nebulosidade convectiva em todo o interior de Portugal Continental, em resultado do sobreaquecimento da superfície terrestre e os movimentos ascendentes das massas de ar.
Assim, na parte da tarde surgiram inúmeras células convectivas um pouco por todo o interior de Portugal Continental, nomeadamente nas regiões montanhosas, que deram origem a aguaceiros, pontualmente muito fortes e acompanhados por trovoadas.
As inundações repentinas ocorridas no Pinhão estão ligadas à lenta passagem de uma célula convectiva que se deslocou de nordeste para sudoeste e que passou muito perto do Pinhão, tendo realizado uma trajectória a norte e a oeste da localidade. As inundações registadas na parte baixa da localidade resultaram não apenas não apenas da precipitação ocorrida na localidade mas também da acumulação das águas de escorrência procedentes das serras envolventes, já que a localidade se encontra no bordo de áreas montanhosas de acentuado declive.
Estes fenómenos de inundações repentinas são fenómenos que ocorrem com alguma frequência em áreas de acentuados declives, onde o clima favorece a ocorrência de precipitações fortes em curtos espaços de tempo, designadamente na altura do ano mais quente, e o relevo canaliza o escoamento das águas em determinadas direcções, neste caso em direcção a uma localidade.
Imagens: Google Maps (Mapa Hipsométrico) e Rain Alarm (Intensidade da precipitação).

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