O fenómeno das inundações
repentinas ocorridas na parte baixa do Pinhão, ao final da tarde de ontem, teve
a sua origem na combinação de elementos meteorológicos associados à morfologia
local, onde predomina o relevo montanhoso, com elevado desnível.
O estado do tempo no interior
norte estava ontem condicionado pela presença de um núcleo de ar frio em
altitude no interior da Península Ibérica que, tendo um movimento giratório contrário
ao dos ponteiros do relógio, favoreceu o aparecimento de nebulosidade
convectiva em todo o interior de Portugal Continental, em resultado do sobreaquecimento
da superfície terrestre e os movimentos ascendentes das massas de ar.
Assim, na parte da tarde surgiram
inúmeras células convectivas um pouco por todo o interior de Portugal
Continental, nomeadamente nas regiões montanhosas, que deram origem a
aguaceiros, pontualmente muito fortes e acompanhados por trovoadas.
As inundações repentinas ocorridas
no Pinhão estão ligadas à lenta passagem de uma célula convectiva que se deslocou
de nordeste para sudoeste e que passou muito perto do Pinhão, tendo realizado
uma trajectória a norte e a oeste da localidade. As inundações registadas na
parte baixa da localidade resultaram não apenas não apenas da precipitação
ocorrida na localidade mas também da acumulação das águas de escorrência procedentes
das serras envolventes, já que a localidade se encontra no bordo de áreas
montanhosas de acentuado declive.
Estes fenómenos de inundações repentinas
são fenómenos que ocorrem com alguma frequência em áreas de acentuados declives,
onde o clima favorece a ocorrência de precipitações fortes em curtos espaços de
tempo, designadamente na altura do ano mais quente, e o relevo canaliza o escoamento
das águas em determinadas direcções, neste caso em direcção a uma localidade.
Imagens: Google Maps (Mapa Hipsométrico)
e Rain Alarm (Intensidade da precipitação).
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