Depois de
estudar 65 indivíduos detidos como presumíveis autores de incêndios florestais,
o Instituto Superior da Polícia Judiciária e Ciências Criminais (ISPJCC)
estabeleceu quatro perfis diferentes em que se poderiam enquadrar todos os
incendiários patológicos. Espanha já demonstrou interesse em adoptar a
abordagem nacional para desenvolver o seu próprio estudo, que poderá também ser
extrapolável para outros países. Estes são os quatro tipos identificados pelos
especialistas portugueses.
1.
Incendiário expressivo com historial clínico. Indivíduos do sexo
masculino, solteiros, entre os 46 e os 55 anos, com poucos estudos e uma
profissão muito pouco qualificada, em geral relacionada com o sector agrícola
ou o pastoreio. Manifestam alguma perturbação mental, como esquizofrenia ou
atraso cognitivo, e provocam incêndios por vingança, frustração pessoal,
problemas familiares ou profissionais. O alcoolismo está presente em muitos
destes casos, assim como o desconhecimento do alcance das penas pelos seus
actos. A probabilidade de reincidência é muito elevada.
2.
Incendiário expressivo por atracção pelo fogo. Homem com menos de 20
anos que desencadeia o incêndio pelo prazer de observá-lo. Pode colaborar nas
tarefas de extinção ou interessar-se pelos desenvolvimentos. De inteligência
superior à média, costuma ser emocionalmente instável, com prováveis situações
de abandono ou de abuso sexual na infância, que lhe causaram problemas médicos
ou neurológicos. É quase certo que provocou mais de um incêndio, seguindo um
padrão específico e bastante elaborado, que cumpre quase como um ritual.
3.
Incendiário instrumental por motivos de vingança. Podem ser pessoas de
ambos os sexos, inseridas numa faixa etária entre os 36 e 45 anos ou, noutros
casos, terem mais de 56 anos. Normalmente, são casados e é raro terem
antecedentes penais. Possuem escassa instrução académica e desempenham
trabalhos pouco qualificados ou estão mesmo desempregados. Provocam os
incêndios por conflitos sociais ou intergrupais, mais do que interpessoais, e
costumam contar com o apoio do meio familiar ou de amigos para organizar as
suas acções.
4.
Incendiário instrumental que utiliza o fogo em busca de algum benefício. Indivíduo
do sexo masculino, entre os 20 e os 35 anos, com uma profissão qualificada,
embora sem estudos superiores concluídos. Não sofre de distúrbio mental, nem
tem antecedentes penais ou cadastro por consumo de estupefacientes. Utiliza
métodos muito elaborados para provocar o incêndio e procura sempre não deixar
vestígios da sua presença. Provoca o incêndio para retirar benefícios
económicos pessoais. Raras vezes regressa ao local do crime e não participa no
combate às chamas.
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Fonte: SuperInteressante
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