A estação do IPMA de Figueira da Foz/Vila Verde registou às 21:40 UTC
(22:40 hora local) de dia 13 de Outubro de 2018, uma rajada de 49 m/s (cerca de
176 km/h). Este valor é atribuído a um fenómeno designado por sting jet. O sting jet é
uma forte corrente descendente que, por vezes, se desenvolve no bordo oeste de
depressões extratropicais, podendo alcançar a superfície. Nestes casos, as
rajadas poderão ser superiores a 150 km/h numa área reduzida, tipicamente
situada a sudoeste do núcleo da depressão. A formação deste fenómeno
meteorológico foi inicialmente estudada pelo grupo do Professor Keith Browning
da Universidade de Reading, no final da década de 80.
As rajadas observadas junto à superfície resultam de processos
evaporativos que ocorrem em níveis médios da massa nebulosa da tempestade.
Destes processos resultam arrefecimento e consequente transporte descendente do
ar para níveis mais baixos, com aceleração progressiva. A designação de sting jet decorre do facto de a
assinatura deste fenómeno em imagens de satélite e radar se assemelhar à da cauda de um escorpião (sting).
Em Portugal Continental, observou-se um fenómeno semelhante em 23 de
Dezembro de 2009. No entanto, nessa ocasião, o fenómeno não esteve associado a
uma depressão resultante da transição de ciclone tropical para depressão
extratropical, como presentemente se verificou. De facto, em 2009, o fenómeno
resultou de uma depressão cujo ciclo de vida decorreu integralmente nas
latitudes médias. Então, a depressão sofreu um processo de ciclogénese
explosiva (rápida e intensa diminuição de pressão atmosférica no seu centro) a
que se sucedeu um sting jet.
O valor da rajada de 176 km/h, agora observado, constitui o mais
elevado registado em estações da rede meteorológica nacional (máximo anterior
de 169 km/h em 17 de Outubro de 2015), sendo compatível com as previsões de
curto prazo emitidas pelo IPMA, baseadas no modelo do Centro Europeu e do
modelo de mesoescala AROME, operado pelo IPMA.
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Fonte: IPMA
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