O delegado regional dos Açores do
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) afirmou hoje que os radares
meteorológicos podem ajudar em situações extremas, como o do furacão Lorenzo. “Parte
do furacão [Lorenzo] não tinha precipitação. Tínhamos uma parte oeste do
furacão com muita precipitação, a parte leste não tinha precipitação. Seguir
uma situação destas com um radar permite-nos contactar a Protecção Civil, por
exemplo, e dizer-lhes que a precipitação não era um problema e à Protecção
Civil canalizar os seus meios para aquilo que, neste caso, seria o vento e a
agitação marítima”, exemplificou Carlos Ramalho.
O meteorologista
foi hoje ouvido na delegação de Ponta Delgada da Assembleia Legislativa
Regional, onde realçou que os radares meteorológicos são importantes “a nível
de acompanhamento e de previsão em curto espaço temporal, poucas horas”.
O meteorologista
do IPMA adiantou que o radar do Pico de Santa Bárbara, na ilha Terceira, “está
em processo avançado”, aguardando o visto do Tribunal de Contas, seguindo-se um
período de “cerca de seis meses” até que esteja concluído, depois de ser
iniciada a instalação.
Em São Miguel,
“vai ser iniciado o estudo de relocalização das antenas do Pico da Barrosa”,
realizado pelo Instituto de Telecomunicações da Universidade de Aveiro, que se
prevê arranque este ano, adiantou. Quanto ao radar para o grupo ocidental, constituído
pelas ilhas do Corvo e das Flores, “ainda está um pouco mais atrasado”, admitiu
Carlos Ramalho, observando, contudo, que está para breve o início dos estudos
para uma localização. Referindo existirem vários factores a ter em conta para a
instalação de um radar, o delegado regional do IPMA considerou que, “do ponto
de vista puramente meteorológico”, a melhor localização para o equipamento no
grupo ocidental seria nas Flores. “O facto dos sistemas mais gravosos que afectam
a região virem de sul, o facto de a ilha das Flores estar a cerca de 30, 40
quilómetros a sul do Corvo, (…) dá-nos uma hora de ganho em termos de avisos
que o IPMA poderá fazer à Protecção Civil em situações de tempo severo em que o
radar é útil”, concretizou.
O deputado único
do Partido Popular Monárquico na Assembleia Legislativa dos Açores, proponente
do projecto de resolução que motivou a audição, assinalou que “este é um projecto
com mais de três décadas e, por isso, é necessário que haja vontade política
para o concretizar”. Paulo Estêvão afirmou que “não faz sentido que os Açores,
que são a região que tem mais problemas a este nível [meteorológico], sejam
também a última região em que este projecto está a ser concretizado”,
defendendo que esta “é uma matéria em que existe empenho de todos os partidos”.
“O que há aqui é forçar o Governo da República a tomar uma decisão”,
prosseguiu, apontando para 2023 como data em que este processo deve estar
concluído.
Os Açores eram,
até 2016, servidos por um único radar, no Pico de Santa Bárbara, na ilha
Terceira, que era propriedade do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da
América, mas foi desactivado na sequência do processo de redução da base
militar norte-americana nas Lajes. Actualmente, não há nenhum radar meteorológico
operacional na região, mas na proposta do Orçamento do Estado para 2020, que
dedica cerca de 293 milhões de euros para a Região Autónoma dos Açores, está
prevista a instalação destes equipamentos no arquipélago.
A passagem do
furacão Lorenzo pelos Açores, em Outubro de 2019, causou a destruição total do
Porto das Lajes das Flores, o que colocou em risco o abastecimento ao grupo
ocidental. Durante a passagem do Lorenzo no arquipélago foram registadas 255
ocorrências e 53 pessoas tiveram de ser realojadas, num total de cerca de 330
milhões de euros de prejuízo, segundo o Governo Regional.
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Fonte: SAPO (7 de Janeiro de2020)
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