A partir de amanhã, sábado, e até ao início da próxima semana, o estado do tempo no Continente vai ser condicionado por uma nova depressão que vai estar centrada a noroeste de Portugal Continental. Assim prevê-se a ocorrência de aguaceiros e a possibilidade de trovoada, mais provável no Norte e Centro. O vento vai ser fraco a moderado do quadrante oeste, soprando pontualmente forte nas terras altas.
A precipitação, vento e trovoada referidos estão associados a uma depressão que às 09 UTC (10 h locais no Continente) de 6ªfeira, 18 de Setembro, se localizava a cerca de 150 km a Oeste de Lisboa.
A evolução desta depressão no Atlântico tem sido monitorizada desde o início da semana pelo IPMA e pelo National Hurricane Centre (NHC, responsável pela monitorização de furacões no Atlântico) para avaliar a sua natureza (em particular relativamente à existência ou não de características tropicais) e à eventual atribuição de número ou de nome.
Assim, por um lado, não foi atribuído, pelo NHC, um número à depressão (como depressão sub-tropical ou depressão tropical) ou um nome (como tempestade sub-tropical, tempestade tropical ou furacão), visto que não terem sido atingidos os critérios para a sua classificação como ciclone tropical ou sub-tropical. Ou seja, a depressão não apresentou todas as características necessárias para a sua classificação, embora possa ter apresentado uma ou outra característica durante o seu ciclo de vida. As características necessárias são, por exemplo, a existência de um núcleo quente nos níveis baixos e nos níveis altos da troposfera, uma estrutura robusta e intensa de bandas de convecção e uma estrutura simétrica do padrão de vento.
Por outro lado, também não foi atribuído nome à depressão no âmbito das actividades do grupo sudoeste do projecto Europeu de nomeação de tempestade extra-tropicais (i.e. que ocorrem fora da região tropical e sub-tropical), de que o IPMA faz parte em colaboração com os serviços meteorológicos de Espanha, França e Bélgica. A não atribuição de nome deveu-se à inexistência de condições para a ocorrência de vento forte de forma generalizada (ao nível distrital ou concelhio) correspondente ao aviso laranja (rajadas superiores a 110 km/h nas terras altas e a 90 km/h no resto do território).
Contudo, é de referir que durante a manhã desta 6ªfeira foram observadas pela rede de radares meteorológicos, em diversas zonas do continente (entre essas Beja e Palmela, em que foram reportados impactos em estruturas e árvores relacionadas com vento forte), células convectivas apresentando um grau moderado de organização. Foi observada a presença de rotação organizada e duradoura, a níveis médios e baixos, sugestiva da presença de mesociclone, o que é típico de super-células.
Neste contexto, em que as condições de wind shear na camada baixa não eram muito favoráveis à ocorrência de tornados fortes, é ainda assim possível a ocorrência de fenómenos do tipo tornado. Outro tipo de fenómenos de vento forte, podem, entretanto, estar associadas a este tipo de perturbações atmosféricas. Só uma análise mais detalhada das situações (visita aos locais ou interpretação de elementos documentais fidedignos, conforme documentado em filme já disponível para o caso de Palmela) irá permitir uma classificação inequívoca do tipo de fenómeno.
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Fonte: IPMA
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