Pelo menos 118 pessoas morreram, 103 na Alemanha e 15 na Bélgica, na sequência das fortes chuvadas e inundações que estão a assolar parte da Europa Central, indicaram esta sexta-feira as autoridades locais dos dois países. O balanço de vítimas, contudo, pode vir a aumentar depois de um número indeterminado de pessoas ter morrido ou desaparecido na Alemanha após um grande deslizamento de terras, que derrubou vários edifícios numa localidade próxima de Colónia, indicaram fontes locais.
Na localidade de Erfstadt-Blessem, "as casas cederam à força das águas e vários edifícios desmoronaram-se e acabaram por afundar-se nas águas", lê-se numa declaração publicada na rede social Twitter da organização das comunas de Colónia. Um porta-voz da organização, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP) confirmou a existência de "vários mortos".
A imprensa local, que cita vários membros da comunidade de Erfstadt-Blessem, adianta, por outro lado, as chuvas diluvianas que estão a assolar o oeste da Alemanha originaram autênticos rios, provocando grandes inundações. Naquela localidade, apesar de as autoridades locais terem dado o alerta para possíveis inundações, grande parte da população permaneceu nas respectivas casas.
Com mais este incidente, o número de vítimas mortais devido às fortes chuvas vai subir, depois de, hoje de manhã, as autoridades locais terem dado conta de que pelo menos 103 pessoas morreram na sequência da intempérie que assola há vários dias parte da Alemanha, elevando para 118 o total de óbitos na Europa. Por outro lado, falta contabilizar também o número total de pessoas desaparecidas.
"Receio que só veremos a extensão total da catástrofe nos próximos dias", avisara já a chanceler, Angela Merkel, na quinta-feira à noite, em Washington, onde cumpre uma visita oficial.
Na vizinha Bélgica, sobretudo no leste e sul do país, o número de mortes subiu de 12 para 15, refere hoje o diário belga Le Soir, que cita fontes oficiais, dando ainda conta que estão desaparecidas pelo menos cinco pessoas. O presidente da região da Valónia, Elio di Rupo, já admitiu que o total de vítimas pode aumentar. "Quinta-feira, centenas de pessoas ainda estavam presas dentro das suas próprias casas", sublinhou o também antigo primeiro-ministro belga.Mais de 21 000 pessoas sem electricidade – A Valónia, região francófona no sul da Bélgica, tem sido particularmente afectada e continua, em parte, em estado de alerta de inundações. O exército belga já disponibilizou helicópteros para socorrer as pessoas que se encontram em telhados na região de Pepinster (na província de Liège), estando a apoiar as equipas de busca e salvamento dos bombeiros e das forças da ordem.
Mais de 21 000 pessoas estão provadas de electricidade na região, depois de, segundo a empresa que gere as redes de distribuição de electricidade de gás na Valónia, a água ter inundado cerca de 300 postos de distribuição.
Na Suíça, as autoridades locais continuam em alerta máximo nas zonas que circundam os lagos de Biena, Thun e Quatro Cantões, que transbordaram várias vezes nos últimos dias, receando novas inundações face às persistentes chuvas registadas no último mês e meio.
O Presidente suíço, Guy Parmelin, visitou quinta-feira a cidade de Lucerna (nas margens do lago dos Quatro Cantões) e Biena para constatar, no terreno, a situação das inundações que deixaram submersas dezenas de residências, na maioria vivendas, sem que, porém, tenham sido registadas quaisquer vítimas mortais. Segundo o centro hidrográfico suíço, os maiores lagos do país, como os de Constança (na fronteira com a Alemanha) e de Leman (junto a França), apresentam um "risco moderado" de cheias, havendo, porém, várias estradas de acesso cortadas ao trânsito.
Cerca de mil soldados alemães mobilizados – Em toda a parte da Europa central afectada, espera-se que continue a chover, com o nível do rio alemão Reno e de vários dos seus afluentes a subir perigosamente. Cerca de mil soldados alemães foram mobilizados para ajudar nas operações de resgate e limpeza das cidades e aldeias, que oferecem todos o mesmo espectáculo desolador: ruas e casas debaixo de água, carros virados, árvores arrancadas.
Em Ahrweiler, várias casas desmoronaram-se literalmente. Debaixo dos escombros, a cidade parece ter sido atingida por um tsunami, descreve um jornalista da AFP. Euskirchen, um pouco mais a norte, é provavelmente uma das cidades mais afectadas, com pelo menos 20 mortes registadas. O centro da cidade parece um campo de ruínas, com as fachadas das casas literalmente arrancadas pelas cheias. Além disso, uma barragem próxima está em risco de uma rotura.
Bélgica pede ajuda devido a mau tempo e UE activa Mecanismo de Protecção Civil – A Bélgica pediu ajuda aos seus parceiros da União Europeia (UE) através do Mecanismo Europeu de Protecção Civil, após fortes tempestades e inundações, disse hoje a Comissão Europeia, que aguarda um pedido da Alemanha. Em resposta ao pedido das autoridades belgas, três países ofereceram já apoio, tendo a França enviado já barcos e helicópteros e estando já equipas a trabalhar no terreno.
"A UE está pronta a oferecer toda a ajuda necessária aos países afectados pelas intempéries", disse o porta-voz da Comissão Europeia, Stefan De Keersmaecker, acrescentando que, para isso, basta apenas que Berlim ative o mecanismo, a exemplo do que já fez a Bélgica. A Áustria também disponibilizou barcos à Bélgica e a Itália avançou com uma equipa de salvamento, barcos e helicópteros, para ajudar nas buscas e resgate nas zonas inundadas. "Estão a ser estudadas ofertas de outros Estados-membros para ver se podem juntar-se às equipas que estão já na Bélgica", disse De Keersmaecker.Na Alemanha, o Presidente Frank-Walter Steinmeier apelou à "unidade nacional" e à solidariedade para com os afectados pelas inundações devastadoras no oeste do país, com pelo menos 103 mortos, enquanto prosseguem as buscas por centenas de pessoas desaparecidas. "As águas estão a regredir e isso mostrará a verdadeira dimensão da tragédia", disse Steinmeier, numa declaração institucional.
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Fonte: Diário deNotícias
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