Um terço do Paquistão está completamente submerso por “inundações históricas”, enquanto o número de mortos continua a aumentar e já ultrapassa os 1200. Segundo a ministra do Clima paquistanesa, Sherry Rehman, “tudo é um grande oceano e já não há terra seca para absorver tanta água.”
As chuvas de Verão, que têm marcado as últimas semanas, são as mais fortes da última década no país. O Governo atribui a causa deste fenómeno às alterações climáticas. Rehman afirma que o seu país se encontra numa “crise de proporções inimagináveis” e que, “literalmente, um terço do Paquistão está submerso neste momento, ultrapassando todas os limites que já vimos no passado”.
A Autoridade Nacional de Gestão de Desastres (NDMA) especificou que entre os 1208 mortos, há 416 crianças, enquanto o número de feridos subiu para 6082. Nas últimas 24 horas, mais 19 mortes foram registadas. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Bilawal Bhutto-Zardari, adiantou, por seu lado, que mais de 33 milhões de paquistaneses – uma em cada sete pessoas – foram afectados por estas inundações e calcula que os estragos ultrapassem os 10 mil milhões de euros. “A destruição faz-se sentir vila após vila. Milhões de casas estão completamente destruídas”, acrescentou o ministro.
Neste momento, é na região sul que se espera o pior, uma vez que o nível de água na cidade de Dadu continuava a subir nesta sexta-feira. Este aumento é consequência do transbordar muito pronunciado do rio Indo, que foi causando outras inundações e deixando para trás um rasto de destruição em várias regiões do país, tendo começado pelo norte. À medida que as chuvas intensas continuam, o rio Indo transvaza as suas margens e acaba por fazer subir os níveis das águas noutras regiões.
As equipas de emergência tentavam esta sexta-feira retirar milhões de pessoas isoladas em aldeias remotas na região sul do país. A chuva não pára e esperam-se mais inundações nos próximos dias, segundo os media locais citados pela BBC. “É uma corrida contra o tempo”, disse o porta-voz do governo provincial de Sindh, Murtaza Wahab. “A devastação está agora a espalhar-se em direcção a sul, com as inundações a dirigirem-se para os lagos Manchhar e Johi, em Dadu, onde milhares de pessoas ficaram presas – sem comida nem abrigo”, concluiu.
“Viver aqui é miserável. A nossa própria dignidade está em jogo”, disse à AFP Fazal Malik, uma das vítimas da enchente, que está a viver temporariamente numa escola que abriga cerca de 2500 refugiados, na província de Khyber Pakhtunkhwa, no norte do país. Os dirigentes paquistaneses pediram ajuda à comunidade internacional e pretendem apelar à criação de um fundo internacional. “A magnitude da calamidade é maior do que o estimado”, disse o primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, no Twitter, depois de visitar as áreas inundadas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que a Turquia já enviou uma equipa para ajudar nos esforços de resgate. Também o Reino Unido anunciou o envio de um pacote de ajuda à reconstrução de cerca de 15 milhões de libras (17,4 milhões de euros) e as Nações Unidas lançaram esta semana um apelo para conseguirem angariar cerca de 160 milhões de euros.
O rio Indo, que flúi dos Himalaias para o mar Arábico, na região sul, galgou as suas margens depois das chuvas fortes da semana passada. Quase 20.000 metros cúbicos de água por segundo estão a fluir pelo rio abaixo e, em breve, chegarão às principais cidades de Sindh. Enquanto isso, no norte, várias cidades ainda estão inundadas pelas fortes chuvas que caíram, principalmente, na semana passada.
Guilherme Pinheiro
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Fonte: Público
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