sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

8916. Sismo Turquia/Síria: Mais de 21 000 mortos

Pelo menos 17 674 pessoas morreram na Turquia e 3377 na Síria, o que eleva a 21 051 o número de vítimas mortais do sismo de segunda-feira. Com o passar das horas e com o frio que se faz sentir, as autoridades temem um aumento dramático do número de mortos.

© EPA/ABIR SULTAN

O balanço do sismo que atingiu na segunda-feira a Turquia e a Síria é já superior a 20 mil mortos, indicaram esta quinta-feira autoridades e fontes médicas. Pelo menos 17 674 pessoas morreram na Turquia e 3377 na Síria, disseram as mesmas fontes, o que eleva a 21 051 o número total de vítimas mortais, enquanto prosseguem as operações, sob frio extremo, para tentar encontrar sobreviventes. Nos dois países atingidos pelo terramoto foram também registados mais de 58 mil feridos, muitos com fracturas e outras lesões graves.

Mais de 72 horas após o terramoto, o período com mais possibilidades de encontrar sobreviventes, as autoridades temem um aumento dramático do número de vítimas fatais devido ao elevado número de pessoas que, calculam, continuam presas nos escombros. Após o choque inicial, o descontentamento é cada vez maior entre a população com a resposta das autoridades ao terramoto que, segundo admitiu o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, teve "deficiências".

Vários sobreviventes foram obrigados a procurar alimentos e refúgio por conta própria. Sem equipas de resgate em vários pontos, alguns observaram impotentes os pedidos de ajuda dos parentes bloqueados nos escombros até que suas vozes não fossem mais ouvidas. "Meu sobrinho, minha cunhada e a irmã da minha cunhada estão nos escombros. Estão presos nas ruínas e não há sinais de vida", afirmou Semire Coban, professora de uma creche na cidade turca de Hatay, citada pela AFP. "Não conseguimos chegar até eles. Tentamos falar com eles, mas não respondem", acrescentou.

O frio agrava a situação. Apesar da temperatura de -5ºC, milhares de famílias em Gaziantep passaram a noite em carros ou barracas, impossibilitadas de regressar a casa ou com medo de o fazer. Os pais caminhavam pelas ruas da cidade do sudeste da Turquia com os filhos ao colo, enrolados em cobertores, para tentar reduzir os efeitos do frio. "Quando nos sentamos, dói. Tenho medo pelas pessoas presas nos escombros", disse Melek Halici, com a filha de dois anos coberta por uma manta.

Os socorristas continuam a encontrar sobreviventes entre os escombros, mas o balanço de mortes não para de aumentar. As equipes de emergência que trabalhavam durante a noite na cidade de Antakya conseguiram retirar uma jovem, Hazal Guner, das ruínas de um prédio e também resgataram o pai, Soner Guner, duas horas depois, informou a agência de notícias IHA.

Enquanto preparavam o homem para ser colocado na ambulância, as equipas de resgate informaram-no de que a filha estava bem e ele respondeu, baixinho: "Eu amo todos vocês". Em Diyarbakir, a leste de Antakya, as equipas de resgate resgataram uma mulher ferida de um prédio desabado nas primeiras horas da manhã, mas as três pessoas que estavam perto dela estavam mortas, informou a agência de notícias DHA.

A ajuda internacional começou a chegar na terça-feira, com dezenas de países a oferecerem apoio a Ancara. E a União Europeia prepara uma conferência de doadores em Março para mobilizar ajuda internacional para Síria e Turquia. "Estamos a correr contra o tempo para, juntos, salvar vidas", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "Ninguém deve ficar sozinho quando uma tragédia como esta atinge uma população", completou.

Nas áreas controladas pela oposição em Idlib e Aleppo, as províncias mais afectadas no noroeste do país, pelo menos 418 prédios desabaram por causa dos abalos que ocorreram na segunda-feira e as suas posteriores réplicas, anunciou hoje a protecção civil síria, conhecida como capacetes brancos, na rede social Twitter. Segundo dados desta organização, outras 1.300 edificações sofreram danos classificados como graves e "milhares" apresentam algum tipo de dano nesta região.

Em Idlib, o último reduto da oposição no país, e nas áreas de Aleppo controladas por uma variedade de grupos rebeldes, existem cerca de três milhões de deslocados internos, quase três quartos da população total, e 1,8 milhão deles vivem em acampamentos informais. A informação inicial sugere que a maior parte dos desabamentos ocorreu nos centros urbanos, onde alguns edifícios já se encontravam debilitados devido aos efeitos da guerra que o país vive desde 2011 e à falta de recursos para reparações e trabalhos de manutenção.

Desta forma, as tendas nos acampamentos para os deslocados teria evitado que muitos morressem esmagados durante os terramotos. Por outro lado, nas áreas de Aleppo controladas pelo Governo do Presidente sírio, Bashar al-Assad, bem como nas províncias de Tartus, Latakia e Hama, também sob seu controlo no noroeste e oeste do país, 276 desabamentos totais de edifícios foram contabilizados, disse o primeiro-ministro sírio, Hussein Arnous, na quarta-feira. Em declarações durante uma visita de campo em Aleppo e relatadas pela agência de notícias oficial síria SANA, Arnous acrescentou que o número de prédios parcialmente danificados é "muito maior".

Na Turquia, 6.444 edifícios em 10 províncias do sudeste desabaram, disse o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que reconheceu na quarta-feira alguns problemas iniciais das autoridades nos esforços de resgate.

O sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter atingiu o sudeste da Turquia e o norte da vizinha Síria. Foi seguido de várias réplicas, umas das quais de magnitude 7,5.

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Fonte: Diário de notícias


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