Três incêndios, todos na zona norte do país, são os que mais preocupam as autoridades portuguesas e mobilizavam, pelas 21h30 deste domingo, cerca de 1400 operacionais, apoiados por 460 veículos: Sirarelhos, em Vila Real; Frexes e Torres, em Trancoso (Guarda); e Pereira, na Covilhã (Castelo Branco).
O incêndio que reactivou no sábado à noite na serra do Alvão, em Vila Real, está próximo da aldeia de Relva, localizada na encosta da serra do Alvão, onde as pessoas mais idosas foram retiradas por precaução devido ao incêndio, informação avançada pelo presidente da Junta de Freguesia de Borbela e Lamas de Olo, José Armando. De acordo com a página da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), pelas 21h30 estavam mobilizados para o combate a este fogo 394 operacionais e 126 viaturas, mas já chegaram a estar cinco aeronaves.
Este incêndio começou no passado sábado, dia 2 de Agosto, em Sirarelhos, e acabou por entrar em fase de resolução na quarta-feira. Reactivou-se este sábado à noite, pelas 21h06, tendo ganhado dimensão esta tarde devido ao vento forte e às altas temperaturas.
A serra do Alvão espalha-se por Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Vila Real e Mondim de Basto, e, no espaço de uma semana, já ardeu área dos quatro concelhos, em três incêndios diferentes (Sirarelhos, Pinduradouro e Alvadia), que se traduziram numa área ardida, no total, ultrapassaram os quatro mil hectares.
O presidente da Câmara de Vila Real considerou este domingo que os operacionais que estão no combate ao incêndio "são insuficientes" e pediu ao Governo um reforço de meios para acabar com a calamidade. "Estamos sob um ataque enormíssimo, com prejuízos absolutamente incalculáveis, os meios são claramente insuficientes dada a dimensão daquilo que estamos a viver", disse Alexandre Favaios à agência Lusa.
O autarca lembrou que o distrito
de Vila Real esteve este fim-de-semana sob aviso vermelho por causa do calor e,
por isso, seria "expectável que o dispositivo, efectivamente, estivesse no
terreno" e salientou que "as populações estão a ser profundamente
afectadas". "Sem esse reforço claramente esta calamidade não vai
terminar", frisou. Alexandre Favaios disse ainda que "seria útil que
o Governo tivesse pedido ajuda aos seus parceiros europeus porque, de facto,
esta é uma situação absolutamente indescritível".
Chamas em Trancoso afectam quatro povoações
– Quatro povoações em Trancoso estão a ser afectadas pelo incêndio uma
vez que estão na linha de fogo, que está com quatro frentes activas. "Além
de Seixas, a norte do incêndio há povoações a serem afectadas e cujas forças de
segurança estão a adoptar as medidas que considerarem necessárias. Seja para as
confinar na povoação ou para as retirar", disse à agência Lusa Nuno
Seixas. As localidades em causa são Rio de Mel, Rio de Moinhos, Venda do Cepo e
Celintrão, no concelho de Trancoso, distrito da Guarda. O incêndio, cujo alerta
foi dado pelas 16h21 deste sábado, mobilizava pelas 20h deste domingo 581
operacionais, apoiados por 192 veículos e duas aeronaves.
Estão ainda activos os incêndios de Ribeira de Pena e da Covilhã, que reúnem 198 bombeiros apoiados por 70 veículos e 335 operacionais com 101 viaturas, respectivamente.
Cinco feridos leves registados este domingo – Durante o combate às chamas deste domingo, houve quatro bombeiros assistidos em unidade hospitalar com ferimentos leves. A informação foi avançada pelo comandante nacional Mário Silvestre, da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), no ponto de situação à comunicação social feito às 19h. Neste momento, já se encontram “em casa sem danos de maior”. Também há a registar um civil ferido.
Desde a meia-noite e até às 17h deste domingo, registaram-se 108 ocorrências de incêndio, das quais 30 aconteceram durante a noite. O destaque foi dado à região do Tâmega e Sousa, onde se situam 34 das ocorrências totais do dia, e para a Área Metropolitana do Porto, com 21 ocorrências. O porta-voz da ANEPC explicou ainda que o combate às chamas no sábado, dia 9, registou uma taxa de sucesso superior a 95%.
No caso de Trancoso, Mário Silvestre explicou que a reactivação deste domingo surgiu como consequência de um vento sul na casa dos 25 quilómetros por hora que, com a “instabilidade atmosférica”, “fez com que o incêndio tivesse uma progressão de 4 kms/h”, tendo ficado “fora da capacidade de extinção dos meios de combate”. Este incêndio já consumiu mais de 3700 hectares de área florestal, números registados pelas 15h.
No total, a Protecção Civil
contabilizava 53 ocorrências de fogo antes das 19h deste domingo, numa altura
em que o país está em situação de alerta devido ao agravamento das previsões
meteorológicas que apontam para um risco significativo de incêndio rural.
Durante este período é proibido o acesso, circulação e permanência no interior
dos espaços florestais, de acordo com os planos municipais de defesa da
floresta contra incêndios, bem como a realização de queimas e queimadas,
ficando igualmente suspensas as autorizações emitidas para esse período.
A situação de alerta implica também proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais e rurais com o recurso a maquinaria e o uso de fogo-de-artifício e outros artefactos pirotécnicos. Neste caso, também as autorizações já emitidas ficam suspensas.
Bárbara Baltarejo
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Fonte: PÚBLICO
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