terça-feira, 30 de setembro de 2025

IPMA: Tempestade Gabrielle (Continente)

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Após ter afectado o arquipélago dos Açores, a depressão pós-tropical Gabrielle, em movimento para és-nordeste, localizava-se próximo da costa norte do território do Continente pelas 18 UTC de dia 27 de Setembro, encontrando-se o respectivo núcleo cerca de 220 km a oeste da cidade do Porto (figura 1). A tempestade encontrava-se, então, na sua fase final de transição extratropical, por ter perdido as suas características tropicais predominantes. Ainda assim, tratava-se de uma perturbação que transportava na sua circulação uma massa de ar bastante quente e húmido, sendo visíveis na imagem de satélite algumas bandas de precipitação espiraladas em torno do núcleo (figura 1), que a observação com radar confirmava poucas horas depois (figura 2, painéis A e B).
Trajectória da tempestade sobre o território do Continente – Com base na análise de imagens de satélite, radar, observação de superfície e apoio de elementos de previsão numérica, foi possível seguir o núcleo depressionário nas horas seguintes (figura 2) e identificar a trajectória aproximada da depressão pós-tropical Gabrielle à sua aproximação e passagem pelo território. Pelas 00 UTC o núcleo localizava-se ligeiramente a oeste da cidade do Porto (figura 2, painel A), estimando-se que tenha iniciado a sua propagação sobre terra junto à cidade de Aveiro, pelas 03:00 – 03:30 UTC (figura 2, painel B). Entre as 06 e 09 UTC a depressão, em acentuada fase de dissipação e circulação mal definida em torno do núcleo, propagou-se sobre a região Centro (figura 2, painéis C e D), encontrando-se já próximo da fronteira com Espanha no final do período.
Precipitação mais significativa no litoral norte e centro – Como frequentemente ocorre com este tipo de sistemas meteorológicos, verificou-se que a propagação sobre terra, em parte devido ao efeito do atrito com a superfície, foi relativamente lenta (cerca de 25 km/h). Esse factor, aliado ao posicionamento de cada área face às bandas de precipitação, determinou a distribuição da precipitação acumulada. Neste sentido foi nas regiões do Minho, Douro Litoral e Beira Litoral, que estes valores foram mais expressivos. O maior valor em período de 1 hora, a baixa altitude, foi observado na estação de Porto-São Gens, com 15.5 mm (entre 01 e 02 UTC de dia 28). No período de 6 horas, de maior precipitação, entre as 22 UTC de dia 27 e as 04 UTC de dia 28, os valores foram de quase 70 mm na região do Porto. Esta perspectiva foi capturada pelas observações do radar de Arouca (figura 3), embora estes valores sejam, classicamente, inferiores aos observados à superfície. No restante território a precipitação foi mais fraca, em particular nas regiões do sul.
Vento – A origem tropical desta tempestade suportou, naturalmente, um regime de vento turbulento, com rajadas que se aproximaram e, por vezes, excederam 100 km/h em locais situados a grande altitude. A proximidade ao núcleo teve um efeito relativo neste episódio, uma vez que a tempestade se encontrava, como se referiu, em fase de enchimento. Os maiores valores de vento máximo instantâneo no dia 27, ainda com a depressão situada sobre o Atlântico, foram observados nas estações de Pampilhosa da Serra (97.9 km/h, às 20 UTC) e do Cabo da Roca (82.1 km/h, às 13:20 UTC), no primeiro caso pela exposição e maior altitude e, no segundo, pela proximidade ao mar e efeitos locais. No dia 28, com a tempestade deslocada mais para sueste, os valores mais elevados foram observados na estação da Fóia (105.5 km/h, às 15:50 UTC) e, novamente, em Pampilhosa da Serra (96.5 km/h, às 00:20 UTC), ambas situadas em locais elevados. Noutros locais do território foram observadas, em ambos os dias, valores de rajada significativos, mas em geral inferiores a 75 km/h.
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Fonte: IPMA

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