segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

60. Noções de Meteorologia - A água na atmosfera (XII)

O granizo (Parte II)
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Quando uma massa de ar quente e húmida se desloca junto à superfície terrestre e um fluxo mais seco sobra a uma maior altitude, em sentido transversal, as condições são favoráveis para se iniciar uma trovoada, embora nem sempre ocorra queda de granizo.
Uma característica comum entre o granizo e a saraiva é que o gelo que os constituem não é uniforme. Quase sempre apresenta-se constituído em parte por gelo transparente e o restante em gelo opaco.
Geralmente, o granizo de menor dimensão tem uma forma quase esférica, mas, no caso de maiores dimensões, adopta formas similares a uma pêra ou de uma cebola. Como durante a queda o vértice fica voltado para cima, a água congelada acumula-se na parte inferior das partículas de granizo.
A partícula de granizo é constituída por vários centros de diminutos cristais de gelos. As camadas de gelo opaco estão formadas por pequenos cristais e borbulhas de ar, enquanto que as camadas de gelo transparente são formadas por grandes cristais. O facto de, no granizo, os cristais de gelo apresentarem-se em camadas alternadas segundo o seu tamanho está relacionado com a velocidade com que congela a água das nuvens.
Quando o granizo cai através de uma zona com nuvens baixas e intercepta pequenas quantidades de água bastante fria, esta pode congelar-se quase instantaneamente, formando a capa opaca. Pelo contrário, se a partícula de granizo acumula grandes quantidades de água, esta não se pode congelar de forma instantânea, sobretudo se água provém das partes mais quentes da nuvem; então o granizo humedece e o processo de congelação vai continuar lentamente, à medida que os cristais vão crescendo, expulsando o ar retido e dando origem a uma camada transparente. Assim, a existência de várias camadas deve-se ao facto de o granizo ser arrastado muitas vezes para a parte superior da nuvem por fortes correntes em turbilhão, até que alcança o tamanho e o peso que permitem a sua queda para o solo.
Outras vezes, o granizo surge graças aos cristais de gelo da própria nuvem; logo que surgem, as partículas de granizo começam a crescer rapidamente. A maior parte das gotas de água concentram-se em torno no seu redor, determinando a forma das partículas de granizo existentes no interior da nuvem. Como os cristais de gelo se movimentam em forma de turbilhão, roçando uns nos outros, muitas vezes unidos, vão polindo a sua superfície, o que os converte muitas vezes em corpos esféricos bastante perfeitos. Quando as correntes ascendentes e descendentes, no interior da nuvem, são de tal forma que o granizo sobe e desce várias vezes, demorando a caírem sobre o solo, então forma-se a saraiva, já que várias gotas e cristais se vão unindo e congelando sobre a partícula de granizo inicial.

2 comentários:

Duarte disse...

Muito interessante este projecto. Verdadeiramente pedagógico e atento às evoluções das condições climáticas no planeta. Parabéns!

ludbrioa disse...

Olá, Duarte. Agradeço as suas palavras. Fico também à espera da colaboração de outras pessoas neste projecto - artigos / fotos / link - tudo o que diga respeito à meteorologia e ao estado do tempo em Portugal.
Cumprimentos.
Ludgero Brioa