Portugal está pouco sensibilizado para os efeitos das alterações climáticas, defendeu hoje o ex-secretário de Estado do Ambiente Carlos Pimenta, a propósito do filme em que o ex- vice-presidente norte-americano Al Gore alerta para o problema.
"O Governo e as pessoas não estão sensibilizados para este problema. Ao longo dos anos, construíram-se quilómetros de auto- estradas, mas manteve-se na ligação ferroviária Lisboa-Porto a mesma velocidade que tinha há 20 anos. O país apostou massivamente nos automóveis quando os transportes são os principais responsáveis pelo aumento das emissões de gases com efeito de estufa", lamentou.
"O Governo e as pessoas não estão sensibilizados para este problema. Ao longo dos anos, construíram-se quilómetros de auto- estradas, mas manteve-se na ligação ferroviária Lisboa-Porto a mesma velocidade que tinha há 20 anos. O país apostou massivamente nos automóveis quando os transportes são os principais responsáveis pelo aumento das emissões de gases com efeito de estufa", lamentou.
O actual responsável pelo Centro de Estudos em Economia da Energia, dos Transportes e do Ambiente (CEETA) sublinhou ainda que "Portugal é extremamente vulnerável às alterações climáticas". "Por um lado, porque temos uma enorme linha de costa, onde se concentra a maior parte da população portuguesa, por outro, porque se encontra na transição de dois sistemas climáticos - Atlântico e Mediterrâneo - que vão exacerbar os efeitos da variabilidade do clima", salientou. O ex-governante alertou igualmente para os "efeitos catastróficos" das alterações climáticas, salientando que podem envolver a deslocação de um número significativo de pessoas e têm impactos significativos na agricultura, turismo e indústria.
Em declarações à agência Lusa, Carlos Pimenta elogiou o filme de Al Gore, sublinhando que "apresenta o problema de forma muito directa, fazendo passar a mensagem de forma visual e acessível aos leigos". "O Al Gore tem vindo a alertar para esta questão há muitos anos, considerando que as alterações climáticas são o maior problema da humanidade", afirmou.
Também o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos enalteceu as imagens do filme, "que mostram o que está a acontecer no planeta, como o recuo dos glaciares, o derretimento da neve nas montanhas, a subida do nível do mar e os fenómenos climáticos extremos como as secas e as inundações". Filipe Duarte Santos, que liderou o projecto SIAM (Alterações Climáticas em Portugal: Cenários, Impactos e Medidas de Adaptação), frisou que apesar das alterações climáticas só fazerem sentir os seus efeitos a médio e longo, a situação será irreversível se nada for feito para combater as emissões de gases e a desflorestação.
Portugal, por exemplo, terá de se confrontar com a subida "preocupante" do nível do mar, o aumento das temperaturas médias e a maior frequência de fenómenos extremos, como a seca.
Em Julho, o relatório internacional divulgado pelo Worldwatch Institute sobre o aumento das temperaturas indicava que cinco dos últimos oito anos foram os mais quentes desde 1880. Na mesma altura, Filipe Duarte Santos revelava que a temperatura média em Portugal havia aumentado 1,5 graus nos últimos 30 anos. O especialista sugeriu ainda que "Portugal deveria adoptar uma estratégia de adaptação às alterações climáticas porque, tal como os outros países do Sul da Europa, é particularmente vulnerável".
Já em Maio, numa conferência em Lisboa, a responsável pela unidade da Organização Mundial da Saúde para as alterações climáticas tinha alertado que, com o agravamento das altas temperaturas, deveria subir a mortalidade associada ao calor em Portugal. O cenário, assumido por Bettina Menne como uma das piores hipóteses, referia-se a projecções para 2020, e indicava um aumento para entre 5,8 e 15,1 óbitos por cada cem mil pessoas, tendo como base os actuais níveis de mortalidade, que se situam entre 5,4 e seis por cada cem mil habitantes.
Fonte: Açoriano Oriental
Fonte: Açoriano Oriental
Sem comentários:
Enviar um comentário