sexta-feira, 24 de novembro de 2006

662. Síntese de notícias sobre os efeitos do mau tempo (V)

MONOTORIZAÇÃO DOS RIOS PERMITIU GERIR CAUDAIS - O secretário de Estado da Administração Interna, Ascêncio Simões, disse que a monitorização das linhas de água permitiu preparar o dispositivo para fazer face às cheias e que este respondeu bem. Falando em Águeda, cidade onde o Rio não chegou a alagar a baixa, devido a ter parado de chover, ao contrário do que se temia, Ascêncio Simões disse aos jornalistas que os distritos "mais preocupantes" são ainda os de Aveiro, Lisboa, Santarém e Leiria, dependendo da evolução das condições climatéricas.
Aquele membro do Governo referiu também a probabilidade de ocorrência de cheias no Rio Douro, a partir das 20 horas, na Foz, na Régua e no Pinhão, e adiantou que "nada faz prever para o fim-de-semana situações como as de hoje". Em relação a Tomar, Ascêncio Simões deu conta da reunião havida há algumas horas com o respectivo presidente da Câmara, nomeadamente para tratar do realojamento de algumas pessoas, nomeadamente idosas, e vaticinou que "durante a noite haja uma progressiva normalização".
Segundo o secretário de Estado, a monitorização das linhas de água permitiu a previsão atempada dos riscos e a preparação do dispositivo que respondeu de forma adequada. Ascencio Simões realçou o trabalho "muito intenso" realizado pelo Ministério da Administração Interna e pelo Ministério do Ambiente, com o Instituto Nacional da Água e com o Instituto de Meteorologia, "que deu condições para gerir os caudais".
"Quanto a Águeda, a situação acabou por melhorar, porque tínhamos a previsão de que, se continuasse a chover, a partir das 20 horas haveria cheias". Ascêncio Simões visitou Águeda acompanhado pelo presidente da Câmara, Gil Nadais, com quem se inteirou dos pontos vulneráveis e das medidas de prevenção adoptadas.
MAU TEMPO: FAMÍLIA DESALOJADA EM VALE DE ESTRELA (GUARDA) - Uma família residente em Vale de Estrela, no Concelho da Guarda, ficou desalojada devido ao mau tempo, disse à Agência Lusa fonte da protecção civil municipal. Segundo Granja de Sousa, coordenador do serviço, "as chuvas provocaram a ruína parcial de uma parede e do telhado da habitação", deixando desalojada uma família que vai passar a noite na casa de familiares.
O incidente aconteceu durante a tarde, numa altura em que o casal e duas filhas de 18 e 20 anos que ali habitam não se encontravam no seu interior. "Quando isto se verificou não estava ninguém em casa, porque os meus pais tinham ido a Coimbra com uma das minhas irmãs a uma consulta e, só quando chegaram, é que viram o que tinha acontecido", disse à Agência Lusa Silvina Lucas, filha do casal.
"Como a casa não está em condições, chove praticamente em todas as divisões e não oferece condições de segurança, vão passar a noite na minha casa ou na da minha irmã", adiantou. Acrescentou que a protecção civil municipal da Guarda "ainda deu indicações para os realojar numa pensão mas não é necessário" porque vão ficar com as filhas. "Depois se verá como vai ser com a realização das obras mas será muito difícil porque os meus pais não têm possibilidades de reparar os estragos", apontou.
A protecção civil municipal "tem todos os meios no terreno" para fazer face às várias solicitações relacionadas com pequenas inundações, quedas de árvores e de estruturas, disse à Lusa Granja de Sousa, responsável pelo serviço.
As fortes chuvadas também originaram o corte da Estrada Nacional 338 que liga Manteigas a Piornos, na Serra da Estrela. "Está cortada desde as 19:00 devido ao deslizamento de terras e de pedras", referiu fonte do Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS) da Guarda. Segundo a mesma fonte, a estrada municipal 595 entre Pinhel/Pala/Valbom/Ervas Tenras, no Concelho de Pinhel, também se encontra cortada à circulação rodoviária desde as 20:00.
O CDOS dava ainda conta de muitos pedidos relacionados com quedas de árvores e inundações, situações que apenas originaram danos materiais.
MAU TEMPO: CIRCULAÇÃO NA LINHA DO NORTE PARCIALMENTE RESTABELECIDA - A circulação ferroviária na Linha do Norte foi parcialmente restabelecida, circulando em via única nos troços Cacharias-Fátima e Ovar-Estarreja, informou hoje fonte da CP. As Linhas da Beira Alta e Oeste foram também reabertas à passagem de comboios, depois do mau tempo ter obrigado ao seu corte.
O elevado caudal de água obrigou a interromper a circulação entre Cacharias e Fátima, enquanto a queda de uma árvore foi responsável pelas perturbações entre Ovar e Estarreja. A CP informou que continua a haver problemas na Linha do Douro, entre Régua e Pocinho, Linha do Oeste, no Bombarral, e na Linha da Beira Baixa.
CHEIAS EM TOMAR VÃO AFECTAR MENOS A CIDADE DO QUE HÁ TRÊS SEMANAS - O presidente da Câmara de Tomar afirmou que as cheias provocadas pelo mau tempo vão afectar menos a cidade do que há três semanas e que a situação mais grave se regista a Sul. Em declarações à agência Lusa, António Paiva explicou que a Sul da cidade, em Carvalhos de Figueiredo, Marmelais e Quinta do Falcão, a situação é considerada grave mas as pessoas estão todas avisadas.
Em relação à cidade de Tomar, o autarca acrescentou que é provável que os acessos às duas pontes fiquem submersos nas próximas horas. Nesse sentido, aconselhou os cidadãos a ficarem em casa e a não se deslocarem para a cidade. Relativamente aos acessos, António Paiva desaconselhou os automobilistas a circularem na estrada que liga Ourém a Tomar, a EN- 113, dando como alternativa a A-1, em Torras Novas, e o IC-3 para saírem para Tomar Norte.
Em relação à EN-110, em Carvalhos de Figueiredo, referiu que continuará submersa durante toda a noite. Está previsto que a água comece a descer entre as 02:00 e as 03:00, de acordo com o autarca.
Várias famílias foram hoje retiradas de casa na zona do Freixeiro, na cidade de Tomar, e na aldeia de Carvalhos de Figueiredo, devido a inundações. O mau tempo provocou ainda a queda de muitas árvores, cortes de estrada e aluimentos de terras e pedras. Antes da cheia de hoje, a cidade de Tomar já tinha sido atingida, este ano, pela subida das águas a 25 de Outubro e a 04 de Novembro.
ALERTA VERMELHO DESCE PARA AMARELO E LARANJA NO CONCELHO DE SINTRA - Os alertas amarelo e laranja substituíram, ao final da tarde de sexta-feira, o alerta vermelho que vigorava no Concelho Sintra, revelou, à agência Lusa, o vice-presidente da Câmara, Marco Almeida. "Vamos seguir as recomendações do Instituto de Meteorologia (IM), que decretou o alerta amarelo e laranja para a Grande Lisboa", sublinhou o vereador do executivo de Sintra.
Na reunião de coordenação sob a presidência de Fernando Seara, realizada ao final da tarde de hoje, foram analisadas algumas situações pontuais de entupimentos nos colectores e queda de detritos na via pública, sublinhou Marco Almeida. O alerta vermelho foi anunciado a meio da tarde pelos responsáveis da protecção civil de Sintra mas as previsões meteorológicas para a próxima noite apontam para uma melhoria das condições climatéricas, pelo que foi alterada a situação de alerta no Concelho.
AUMENTA PARA QUATRO O NÚMERO DE LINHAS CORTADAS DO METRO DO PORTO - O troço do Metro do Porto entre as estações da Trindade e Campanhã, comum a quatro linhas, foi cortado ao início da noite de sexta-feira, devido a problemas de drenagem de águas, anunciou a empresa.
Em comunicado, a Metro do Porto refere que a interrupção da circulação foi decidida como "medida preventiva", enquanto não se resolvem os problemas de drenagem de águas na estação subterrânea do Campo 24 de Agosto, resultantes da intempérie que assola hoje o País. O serviço entres as estações da Trindade e Campanhã está a ser feito por autocarros.
O temporal já tinha provocado de tarde queda de árvores sobre a via junto às estações Jardim do Morro, na Linha Amarela (D), e Modivas Centro, na Linha Vermelha (B), o que obrigou a cortes de circulação e intervenções nestes locais. Também na Linha Amarela (D), a circulação esteve interrompida entre a estações de S. Bento e de General Torres, mas foi retomada cerca das 20:30. Na Linha Vermelha (B), a circulação está interrompida entre Varziela e Vilar do Pinheiro, devendo ser retomada apenas às 06:00 de sábado, pelo que se mantém o transporte alternativo por autocarro entre estas duas estações.
GOVERNO DIZ-SE PREPARADO PARA “MITIGAR” EFEITOS DAS CHEIAS - O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, admitiu que algumas zonas do País possam ser afectadas por cheias nos próximos dias mas adiantou que há planos para se "mitigar" os seus efeitos negativos. As declarações de Humberto Rosa à agência Lusa foram proferidas no final do primeiro dos dois dias da XXII Cimeira Luso Espanhola, em Badajoz.
Segundo o membro do Executivo, houve uma reunião quinta-feira com entidades como o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil e o Instituto da Água para prevenir os efeitos do mau tempo. "No entanto, as chuvas na zona do Rio Tejo excederam hoje muito as nossas previsões", declarou o secretário de Estado. "É provável que possam registar-se situações de cheias nas zonas do Tejo mas os serviços de protecção civil vão tentar mitigar os efeitos negativos dessa situação", acrescentou.
ACTIVADO PLANO DE EMERGÊNCIA PARA AS CHEIAS NO DOURO - A Protecção Civil de Vila Real activou o plano especial de emergência para cheias na Bacia do Douro, devido à chuva intensa que tem caído na região Norte e Espanha, anunciou o Governador Civil local. Segundo António Martinho, foi criada uma célula de crise em Peso da Régua para prevenir a possibilidade do Douro extravasar as margens em vários locais, afectando populações ribeirinhas.
Esta célula de crise está concentrada no quartel dos Bombeiros da Régua e é constituída pelo Governador Civil, presidente e vereador da Câmara da Régua, bombeiros, GNR, comandante operacional distrital de Vila Real. As localidades normalmente mais afectadas pela subida das águas do Douro são o Pinhão, Concelho de Alijó, Peso da Régua e Mesão Frio. O Rio Douro já galgou as margens cerca das 19:00 e inundou o cais turístico da Junqueira, no Peso da Régua, obrigando à evacuação de dois estabelecimentos comerciais.
Segundo o Governador Civil, de prevenção estão ainda entidades como a Estradas de Portugal, a Segurança Social ou a Escola Secundária João Araújo Correia, que poderá acolher pessoas desalojadas devido ao mau tempo. Em articulação com a célula de crise estão ainda a CPPE - Centro de Produção do Douro da EDP, Instituto da Água e Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos. António Martinho salientou que a barragem de Bagaúste, a norte do Peso da Régua, está a debitar 2.090 metros cúbicos de água, um valor muito abaixo dos 5.000 metros cúbicos considerados como situação de cheia.
A maior cheia de sempre registou-se em 1962, quando as águas do Douro atingiram os dois metros na Rua da Ferreirinha, paralela à João Franco, mas num nível superior. O Governador Civil referiu que a tendência do caudal do Douro é para subir e que a informação disponível aponta para que as barragens espanholas já estejam cheias. No entanto, o responsável prevê que, com a Baixa-mar das 23:30, as barragens portuguesas possam ficar "mais aliviadas". Referiu ainda que a célula de crise vai estar atenta a todas as ocorrências que possam acontecer no distrito relacionadas com o mau tempo.
CREL CORTADA AO TRÂNSITO NA ZONA DE BUCELAS - O mau tempo levou ao corte do trânsito na CREL, desde as 17:50 de sexta-feira, na zona de Bucelas, informou fonte da Brigada de Trânsito da GNR. Como alternativa, os condutores têm de seguir pela EN-10.
A BT não prevê quando é que a normalidade do trânsito será restabelecida.
SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES E TV POR CABO ESTÃO A SER AFECTADOS - Em algumas zonas do País, onde o mau tempo tem sido mais intenso, estão a registar-se deficiências nos serviços de telecomunicações e de TV por cabo, situações que a Portugal Telecom está a tentar minimizar, informou a empresa. De acordo com a mesma fonte, "os piquetes da PT estão desde o início do dia de prevenção, para que os efeitos negativos do forte mau tempo que está a assolar o País tenham o mínimo impacto possível nos seus clientes".
Alguns transmissores, antenas e postes de telecomunicações começaram a apresentar problemas, na sequência da chuva intensa e das fortes rajadas de vento, que em algum locais atingiram os 120 quilómetros por hora. A Portugal Telecom assegura ainda, em comunicado, que as equipas no terreno continuarão "reforçadas, mesmo durante o fim-de-semana, de forma a repor a normalidade dos serviços".
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