segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

831. Agenda para a biodiversidade: Travar a perda da fauna e flora

Proteger a vida marinha e envolver as empresas são duas das prioridades da agenda para a biodiversidade da presidência tripartida da União Europeia apresentada em Berlim. O presidente do Instituto de Conservação da Natureza em Portugal afirma ter sido a primeira agenda a ficar fechada, elogiando o ambiente consensual em que se processaram as discussões.
O principal objectivo é travar a perda de biodiversidade até 2010, meta que João Menezes, presidente do ICN, reconheceu, porém, ser muito difícil de atingir. De qualquer forma, é nesse sentido que a primeira presidência tripartida vai trabalhar. O presidente do ICN acredita que uma agenda comum às três presidências, Alemanha, Portugal e Eslovénia, será mais eficaz, na medida em que se trabalhará a longo prazo (18 meses) e não apenas com seis meses em vista, como se fazia antes.
Vai haver um «esforço adicional de protecção das espécies», segundo o presidente do ICN, que se traduzirá numa melhoria da aplicação de directivas ambientais, como a Rede Natura 2000 e a directiva habitats, no sentido de as reforçar, por um lado, mas tornando-as mais flexíveis com os interesses económico-sociais, por outro.
Portugal está bem classificado a nível de áreas protegidas, tendo 22% do seu território coberto pela Rede Natura, 60 sítios de habitats e 30 zonas de protecção especial para aves. França no início de 2006, por exemplo, só tinha 2% de Rede Natura, tendo subido para 13% nos últimos meses.
No próximo ano, os responsáveis pretendem estender este mecanismo de protecção da vida terrestre ao mar, criando áreas classificadas marinhas a nível europeu. Este é o meio onde se «considera que há mais perda» de fauna e flora, de acordo com o presidente do ICN. «O que se conhece é muito pouco e é junto à costa. Nós temos um projecto para conhecer o que não se conhece», diz João Menezes. «Há mais de um século que o Instituto das Pescas faz o levantamento da costa e essa informação nunca foi trabalhada nesta perspectiva da conservação. O nosso mar não é idêntico em todo o lado».
A agenda apresentada na Alemanha também contempla a preparação da próxima conferência das partes da Convenção de Diversidade Biológica, que se realizará nesse país em 2008; e um projecto que visa envolver as empresas na defesa do ambiente, através de parcerias. João Menezes diz que o primeiro passo será a sensibilização dos cargos dirigentes: fazendo-os perceber que a conservação da natureza também é uma mais-valia para os seus negócios.
As outras duas prioridades europeias do ambiente para os próximos 18 meses serão as alterações climáticas e a escassez da água, agendas que ainda estão por apresentar.
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Fonte:
Sol (Ioli Campos)

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