Um centro internacional de pesquisa do sistema terrestre anunciou uma nova investigação sobre os riscos que as alterações climáticas representam para a saúde humana, um projecto apoiado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).O novo programa, intitulado "Alterações Climáticas e Saúde" (Global Environmental Change and Human Health - GECHH), pretende criar uma rede internacional de investigadores que possam identificar e quantificar os perigos que as alterações climáticas globais representam para a saúde humana e desenvolver estratégias de adaptação que contribuam para reduzir esses riscos.
"A saúde da população é um indicador crucial dos impactos das alterações ambientais globais em sociedades humanas", disse Anthony McMichael, co-autor do programa da Earth System Science Partnership (ESSP), salientando que "o desafio do projecto é perceber em que condições as alterações ambientais em larga escala são determinantes para a saúde de comunidades e populações inteiras a longo prazo".
De acordo com a OMS, as alterações climáticas são responsáveis pelo aumento do risco de contrair malária, que atinge actualmente cerca de 40 por cento da população do mundo, e as mudanças no uso da terra está a colocar 840 milhões de pessoas em risco de má nutrição.
A organização da ONU alerta ainda que entre um a dois mil milhões de pessoas que vivem em latitudes mais elevadas enfrentam um maior risco de cancro da pele e depressão do sistema imunitário, devido ao esgotamento do ozono estratosférico. "As alterações ambientais globais constituem a principal nova categoria de perigo para a saúde, destacando-se principalmente as mudanças sistemáticas induzidas pelo homem no sistema natural e outros processos que sustentam a saúde e a vida", disse McMichael, acrescentando que o projecto "irá ajudar a focar opções políticas que assegurem um futuro mais saudável e mais sustentável".
O projecto está a ser desenvolvido como um complemento de outros três que o ESSP está a promover, sobre o ciclo global do carbono, o sistema global da água e hábitos de alimentação. As alterações em cada um desses sistemas influência, através de diverso s padrões, a saúde e o bem-estar humanos assim como a sustentabilidade social.
Os co-autores do projecto são Anthony McMichael, em conjunto com o Centro Nacional de Epidemiologia e Saúde da População da Universidade Nacional Australiana em Camberra, Austrália, e Ulisses Confalonieri com a Escola Nacional de Saúde Pública no Rio de Janeiro, Brasil. O ESSP resultou de uma parceria de quatro programas internacionais de pesquisa sobre as alterações ambientais com o objectivo de estudar de forma integrada o sistema terrestre, as mudanças que estão a ocorrer e as implicações destas mudanças para a sustentabilidade global.
Os programas parceiros neste projecto são o DIVERSITAS (programa internacional sobre a biodiversidade), IGBP (programa internacional que estuda a Geosfera e a Biosfera), IHDP (programa internacional sobre a contribuição humana para as mudanças ambientais globais) e o WCRP (programa que pesquisa o clima mundial ).
Os prejuízos económicos causados por catástrofes naturais poderão chegar a 2,3 mil milhões de euros no ano 2040, avisaram especialistas de seguros, na conferência internacional sobre o clima, que decorreu em Nairobi. "A maioria das seguradoras não tem dúvidas de que a crescente vaga de prejuízos associados aos desastres naturais estão relacionados com as alterações climáticas", afirmou Thomas Loster, da Fundação Munich Re.
Loster explicou que este cenário foi calculado assumindo um crescimento de seis por cento ao ano no montante das perdas, um número obtido após analisar diferentes estudos sobre as últimas catástrofes e os prejuízos económicos totais - não de bens segurados - que causaram. O cenário prevê que as perdas resultantes de tempestades, furacões, secas, inundações e outros fenómenos extremos duplicam em cada doze anos e poderão chegar, em 2040, aos 2,3 mil milhões de euros.
O cálculo foi elaborado pela empresa Andlug Consulting a pedido do Grupo de Trabalho da Iniciativa Financeira do Programa da ONU para o Ambiente (PNUA). O responsável da Iniciativa Financeira do PNUA, Paul Clements Hunt, disse que embora o cenário dos 2,3 mil milhões de euros seja apenas um dos possíveis, foi considerado realista por todas as seguradoras que integram o grupo de trabalho.
"Em 2002, um estudo estimou que as perdas económicas totais por desastres naturais somariam 117 mil milhões de euros por ano entre 2002 e 2012", explicou Clements-Hunt. Mas estes números já foram revistos: em 2005 as perdas totais atingiram 163 mil milhões de euros."
A passagem do furacão Katrina provocou por si só 78 mil milhões de euros de prejuízos, além de se tornar no primeiro fenómeno meteorológico que causou “refugiados climáticos”, ou seja, pessoas que tiveram de abandonar as suas casas indefinidamente", declarou Loster. Mais de 100.000 pessoas morreram em catástrofes naturais no mundo em 2005, enquanto no ano anterior o Sudeste asiático foi devastado por um tsunami que provocou mais de 200.000 mortos. No balanço de 2006, os terramotos e outros desastres mataram pelo menos 10.000 pessoas e tiveram prejuízos avaliados em mais de 23 mil milhões de euros.O director-executivo do PNUA, Achim Steiner, disse que as alterações climáticas estão a suscitar novas ideias no sector dos seguros. Peter Smerdon, do Programa Mundial de Alimentação, referiu o exemplo de um seguro que a agência subscreveu junto da AXA para receber, caso a estação das chuvas na Etiópia falhasse, 5,4 milhões de euros para apoiar 62.000 famílias. "Foi a primeira vez que se fez uma apólice de seguro com o objectivo de ajuda humanitária", afirmou.
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Fonte: Canal de Notícias dos Açores
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