Uma maior coordenação entre as barragens portuguesas e espanholas existentes no Douro e a construção de barragens nos afluentes deste rio são algumas das propostas defendidas na região duriense para evitar a ocorrência de cheias. Quando as águas do Douro sobem, a cidade do Peso da Régua é das primeiras a ser afectadas.
O presidente da Associação Comercial e Industrial do Peso da Régua (ACIR), Pedro Brás, disse à agência Lusa que as cheias que ocorrem ciclicamente no Douro poderiam ser evitadas com uma "melhor gestão da água deste rio e das quotas de armazenamento dos caudais". O responsável defendeu ainda a construção de barragens nos afluentes do rio Douro, já que estes, quando se regista muita precipitação, debitam água no rio que não tem qualquer controlo.
Em Dezembro, o rio Douro inundou o cais turístico da Junqueira, na Régua, onde estão localizados um bar e uma loja de artesanato, e continuou a subir cerca de 10 metros até galgar as avenidas do Douro e a João Franco. Pedro Brás salientou que as águas provocaram "avultados prejuízos" em cerca de duas dezenas de estabelecimentos comerciais.
Também o Pinhão, no concelho de Alijó, fica em "estado de alerta" quando o caudal do Douro começa a subir. O presidente da Junta de Freguesia local, Pedro Perry, diz que o que "falha" mais é a coordenação entre as barragens, "principalmente" entre as portuguesas e as espanholas. Por isso mesmo o autarca defende uma maior coordenação e diz que é possível gerir melhor o caudal deste rio. Pedro Perry considerou que a construção de barragens nos afluentes do Douro poderiam resolver "parte do problema", mas alertou para as "consequências ambientais" que terão que ser tidas em conta.
A última cheia que ocorreu em Dezembro provocou cerca de 100 mil euros de prejuízos no Pinhão, principalmente em infra-estruturas públicas. Também António Machado e Moura, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, disse à agência Lusa que a bacia hidrográfica do Douro "só poderá ser controlada com a construção de obras hidráulicas" em todos os afluentes deste rio, desde o Corgo, ao Pinhão, Tua, Sabor, Paiva e Côa.
"Este ponto estratégico para a gestão do Douro representa ainda uma importante reserva de água para a região e uma fonte de energia limpa", frisou Machado e Moura. Segundo o docente, a extensão do Douro que atravessa território nacional é de apenas 20 por cento do seu total, gerando, no entanto, quase 35 por cento do caudal deste rio.
Isto porque – salientou – o território nacional "é mais beneficiado em termos de precipitação". "É um recurso endógeno de que dispomos mas não temos na bacia do Douro obras hidráulicas que permitam armazenar e gerir esta água", disse. Por isso mesmo Machado e Moura defendeu a construção de obras hidráulicas que "permitam reter a água e a impeçam de chegar ao leito do rio Douro".
Depois da decisão de não construir a barragem do Baixo Côa por causa das gravuras rupestres e, enquanto se espera por uma resolução quanto ao Baixo Sabor, a EDP quer avançar com a construção do Aproveitamento Hidroeléctrico Foz/Tua. Esta barragem será construída a 1.250 metros da foz do rio Tua a uma quota máxima de 195 metros, representa um investimento de 237 milhões de euros e uma produção de 350 gigawatts de energia por hora, ou seja o equivalente ao consumo médio de uma cidade com 80.000 habitantes.
"Uma só barragem não resolve tudo", salientou Machado Moura. Defendeu ainda que o projecto para a construção da barragem de Foz Côa devia ser retomado uma vez que "passada uma década da suspensão do projecto não são sentidas na região mais valias resultantes da não construção daquele empreendimento".
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Fonte: Agência Lusa
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Fonte: Agência Lusa
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