quinta-feira, 1 de março de 2007

866. Estudo revela efeitos do dióxido de carbono em clima mundial

O aquecimento global sofrido pela Terra há 55 milhões de anos possivelmente se deveu à alta sensibilidade climática perante a emissão de dióxido de carbono (CO2), revelou um estudo divulgado pela revista "Science".
Segundo cientistas do Departamento de Ecologia Global da Instituição Carnegie, o estudo contradiz a teoria dos cépticos da mudança climática que assinalam que o sistema da Terra pode resistir sem alterações a esse tipo de emissões. Até agora sabia-se que uma enorme emissão carbónica na atmosfera causou o aquecimento global conhecido como Máximo Termal Paleoceno-Eoceno (PETM, na sigla em inglês). Os registros geológicos mostram que o efeito estufa resultante dessas emissões causaram um aumento de cerca de 5 graus centígrados em um lapso de 10.000 anos.
O aumento da temperatura se alongou por 170.000 anos e alterou os padrões da chuva no mundo todo, aumentou a acidez dos mares, a vida animal e vegetal nos oceanos e na Terra. "O PETM é um exemplo assombroso do aquecimento global induzido pelo dióxido de carbono e se contrapõe aos críticos que afirmam que a temperatura da Terra é insensível aos aumentos do dióxido", assinalou Mark Pagani, professor adjunto de geologia e geofísica da Universidade de Yale.
Segundo o cientista, a temperatura não só aumentou cinco graus centígrados, mas isso ocorreu em um momento em que já era uma média de cinco graus mais alta do que é hoje. Na actualidade, os cientistas afirmam que a maior parte do aquecimento global se deve à emissão de gases procedentes de combustíveis utilizados por automóveis e pela indústria. Mas não está claro qual foi a origem dessas emissões há 55 milhões de anos.
Alguns conjecturam que sua procedência foram enormes incêndios florestais ou "erupção" de metano das plataformas continentais que rapidamente se transformaram em dióxido de carbono. Os cientistas usaram em seu estudo dados tirados do carbono achado em fósseis de plantas e organismos marítimos que formam o plâncton. Segundo explicou Ken Caldeira, do Departamento de Ecologia Global da Instituição Carnegie, o sistema permitiu estabelecer que a quantidade de carbono liberado na atmosfera e nos oceanos é mais ou menos a mesma existente na actualidade no carvão, petróleo e gás natural.
"O carbono aqueceu a Terra durante mais de 100.000 anos. Se o clima fora insensível ao dióxido de carbono, como afirmam os cépticos, não haveria uma forma da Terra manter as altas temperaturas durante tanto tempo", assinalou. "Se as emissões do metano realmente ocorreram, como muitos acham, a duplicação do CO2 atmosférico produziria um aquecimento da Terra de mais de 5,6 graus centígrados", disse Caldeira. "E se isso é o que ocorreu, um futuro muito quente nos espera", acrescentou.
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Fonte:
Último Segundo

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