quarta-feira, 11 de julho de 2007

1124. Desastres naturais custaram ao País 1 200 milhões de euros em 2003

Temperaturas extremas, cheias, incêndios e seca são alguns dos desastres naturais com origem em fenómenos meteorológicos que só nos últimos 40 anos fizeram vários milhares de mortos e provocaram pesados prejuízos económicos. 2003 foi o pior ano de que há registo no período em causa quer em termos de número de fatalidades, quer de impactos económicos: mais de dois mil mortes e prejuízos superiores a mil milhões de euros, segundo dados do investigador Carlos Garrido, durante a conferência Emissões e Competitividade, organizada pelo jornal Água&Ambiente, que decorreu em Lisboa.
De acordo com este investigador, citando dados obtidos junto do Centre for Research on the Epidemiology of Disasters (CRED) que em colaboração com a Organização Mundial de Saúde mantém desde 1988 uma base de dados sobre eventos catastróficos (Emergency Events Database – EM-DAT), o ano de 2003 ocupa o ranking da tabela com o fenómeno incêndios a registar um impacto na economia portuguesa de cerca de 1 291 milhões de euros (1 730 milhões de dólares). São também os fogos florestais responsáveis pelo segundo pior ano em matéria de impactos económicos em Portugal nas quatro últimas décadas, com 1 231 mil milhões de euros (1 650 mil milhões de dólares).
Em Agosto de 2003, as temperaturas extremas fizeram o maior número de vítimas: 2007 pessoas sucumbiram aos efeitos do calor. Pior só nas cheias de Novembro de 1967 que vitimaram 462 pessoas. Ainda em 2003, os incêndios afectaram também outras 150 mil pessoas.
Carlos Garrido traçou também um cenário dos impactos associados às catástrofes naturais a nível global. Segundo a resseguradora Swiss Re, em Dezembro de 2006, os prejuízos patrimoniais provocados por fenómenos naturais ou com origem humana terão atingido os 173,4 mil milhões de euros, dos quais apenas 61,6 mil milhões estavam cobertos por seguros, ou seja cerca de um terço.
Portugal, um dos países da União Europeia, que não tem conseguido travar o aumento das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), deverá ter um défice de 3,8 milhões de toneladas de CO2 no período de cumprimento de Quioto. Um cenário, assumido por António Gonçalves Henriques, director-geral da Agência Portuguesa do Ambiente, não obstante a revisão do Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão 2008-2012 (PNALE II) – em análise pela Comissão Europeia – que integra um pacote de medidas e medidas adicionais e que deverá sofrer um corte de dois milhões de toneladas face à proposta inicial.
Pedro Martins Barata, representante do Center for Clean Air Policy, vê como várias reticências o caminho que Portugal vem percorrendo nesta matéria. «O Plano Nacional das Alterações Climáticas 2006 é pouco eficaz e há sectores que estão francamente abaixo do que poderiam estar. É o caso do sector dos transportes», avalia. Por outro lado, afirma, «o PNALE II é relativamente pouco ambicioso».
Pedro Barata Martins chama a atenção para o facto de Portugal não poder «depender ad aeternum da capacidade de penetração das renováveis, precisando de apostar em políticas transversais, nomeadamente nas áreas do ordenamento do território, da ocupação do solo, modelo de transportes e no aumento do potencial de eficiência energética». Áreas onde, considera, «são possíveis grandes reduções».
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