quarta-feira, 11 de julho de 2007

1123. A desertificação e o Alqueva

Com o Verão no horizonte, e numa altura em que se anuncia que o mesmo vai ser dos mais quentes dos últimos anos, ganha importância a discussão à volta da desertificação dos solos. Tal acontece, a meu ver, porque é quase inevitável a ligação que se estabelece entre a desertificação e o calor.
Sabe-se, contudo, que a degradação dos solos vai muito para além desse factor climatérico que é o calor excessivo. Ela tem a ver com factores múltiplos como sejam os incêndios, a agricultura e, naturalmente, a seca.
Os incêndios são a principal causa para a degradação dos solos em Portugal. A exposição da terra aos efeitos erosivos do clima leva ao desaparecimento dos nutrientes e ao aparecimento do tipo de vegetação que arde com maior facilidade.
Já no que se refere à contribuição da actividade agrícola para a degradação constata-se que o recurso a más práticas agrícolas para os solos é outras das causas para a desertificação. A título de exemplo, no que se refere ao Alentejo, refira-se as campanhas de trigo que arruinaram os seus solos.
Por outro lado, no que se refere à seca, as alterações climáticas contribuem, e bastante, para a redução cada vez maior, da chuva, sobretudo a sul do Tejo e, consequentemente, no Alentejo. Segundo os resultados da Agência Espacial Europeia divulgados no Dia Mundial da Desertificação e da Seca, celebrado em Sevilha, o Interior Alentejano é tido por uma área em risco de desertificação. Apesar de tudo, não apresenta, ainda, um risco tão elevado como outras zonas do Pais, como sejam a Beira Baixa e o Sotavento Algarvio.
Para esse facto, segundo o anunciado, está a contribuir a água de Alqueva que viabiliza já a cultura de milhares de hectares de olival e vinha que por ele estão a ser regados. O Alqueva evidencia, desta forma, para além de factores de desenvolvimento económico, factores positivos de natureza ambiental como é agora o facto de permitir atenuar a degradação dos solos e, consequentemente, a desertificação. É, pois, necessário que quem gere o empreendimento coloque ao serviços dos proprietários agrícolas e florestais toda a potencialidade que o empreendimento encerra, no que à agua e sua utilização diz respeito, e que estes últimos saibam, com a dita, operar a mudança que o Alentejo reclama contribuindo, desta forma, para a sua não desertificação, não só física, como humana.
Domingos Cordeiro
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Fonte: Diana FM

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