Crianças e jovens portugueses já registaram 90 observações de aves, sobretudo cegonhas e andorinhas, no Spring Alive 2008, um projecto que pretende acompanhar a chegada e a evolução da Primavera na Europa através da observação de aves migratórias. Estes registos fazem de Portugal o quinto país mais participativo, atrás da Itália, da Rússia e da Polónia, naquele projecto promovido pela Bird Life International.
Para Alexandra Lopes, bióloga e responsável da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), a parceira portuguesa da Bird Life, estes são números «fantásticos». «No ano passado houve uma participação muito fraca, pelo que tínhamos pouca expectativa. Os resultados que estamos a ter mostram que as pessoas estão mais sensibilizadas».
Desde Fevereiro que o Spring Alive 2008 ('Primavera viva', em português) convida as crianças e jovens de cerca de 30 países da Europa a estarem atentos à chegada da Andorinha-das-chaminés, do Cuco-canoro, do Andorinhão-preto e da Cegonha-branca, e a enviarem as suas primeiras observações através da página http://www.springalive.net/. «Com os resultados das observações, vamos ver qual é a progressão da Primavera, à medida que estas aves chegam aos diferentes países», explicou à Lusa Alexandra Lopes.
O Spring Alive vai na sua terceira edição e até ao final de Junho irá recolher observações destas quatro espécies que em geral passam o Inverno no continente africano, escolhidas por serem 'mensageiras' da Primavera e comuns a todos os países do projecto. A página da Internet, disponível nas línguas de todos os países participantes, contém os resultados de todos os países, informação sobre as aves e sobre sua conservação e mostra através de mapas a evolução das observações por toda a Europa.
«Vemos que estas aves são avistadas primeiro nos países do Sul da Europa, depois no centro e mais tarde no Norte», observa Domingos Leitão, também ele biólogo da SPEA. Segundo o responsável, o Spring Alive permitirá, por um lado, mostrar o movimento migratório destas espécies para os seus lugares de nidificação e mostrar que «é fácil observar aves»; por outro, através da comparação entre os registos de diferentes anos, será possível verificar algumas diferenças provocadas pelas alterações climáticas.
Domingos Leitão explicou à Lusa que «com as alterações climáticas há uma tendência para o aumento da temperatura média e para a ocorrência de fenómenos mais extremos, o que tem um forte impacto, não só nas datas da migração, mas também no sucesso da reprodução e na evolução demográfica das aves».
«Em Portugal, as Cegonhas-brancas começam a nidificar cada vez mais cedo. Os registos começam logo no início de Janeiro, antes de começar o Spring Alive, ao contrário do que acontecia antes», exemplifica o biólogo, explicando ainda que fenómenos como o recente temporal na região de Lisboa podem afectar o período reprodutor das aves.
No Hemisfério Norte a Primavera tem início a 20 de Março, dia do equinócio da primavera, no qual o dia e a noite têm a mesma duração.
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Fonte: Sol
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