segunda-feira, 28 de abril de 2008

1733. Reciclagem de água impõe-se como prioridade

O reaproveitamento das águas residuais para produção de águas recicladas faz cada vez mais sentido, quando a água é um bem que pode escassear. Na Madeira, este é um projecto que já começou a ser feito em alguns centros urbanos e que a Investimentos e Gestão da Água quer alargar às zonas rurais. A reutilização das águas, devidamente tratadas, passou a ter maior importância, quando as alterações climáticas já se fazem sentir.
Hoje (22 de Março de 2008) comemora-se o Dia Mundial da Água que este ano coincide com o Ano Internacional do Saneamento. E esta é uma data que cada vez mais é importante assinala, devido à escassez de água que começa a surgir, fruto das alterações climáticas que provocam longos períodos de seca.
Na Madeira, a prioridade neste momento é a de reestruturar a rede de levadas e de abastecimento de água para reduzir a perda de água que, só na rede pública de abastecimento, representa 60 por cento do total de água disponível para consumo. Esta situação ocorre devido à antiguidade da rede e ao seu traçado que, em algumas situações, é complicado.
A Investimentos e Gestão da Água (IGA) está também a dotar todos os centros urbanos com sistemas de tratamento de águas residuais. O presidente da IGA adiantou que «outro objectivo que cada vez assume maior importância é o de reaproveitamento das águas residuais para produção de águas recicladas, que começou a ser feito na Madeira e que era impensável há 15 anos atrás». Todavia, «as alterações que se vão verificando ao nível do clima já começam a justificar esse tipo de execução. É outro grande projecto que já está em curso nos grandes centros urbanos, mas é preciso estender isso às zonas rurais», referiu o responsável que adiantou que 50 por cento das estações que estavam previstas ser construídas estão feitas e outras estão em fase de estudo.
Relativamente à água como bem essencial à vida, o presidente da IGA recorda que quando falta água «toda a gente a quer ao preço que tiver». Mesmo assim, num dia como este é preciso alertar que algum dia a água pode deixar de correr na torneira.
Consumo passou dos 37 milhões de m3 de água - Na Madeira, a rede de abastecimento de água potável às residências situa-se bem perto dos 100 por cento. De acordo com os últimos dados, disponíveis no site da Direcção Regional de Estatística, sobre abastecimento, tratamento de água e drenagem de águas residuais e referentes a 2005, os madeirenses consumiram mais de 37 milhões de metros cúbicos (m3) de água.
As residências e os serviços gastaram 21 milhões e 369 mil m3 de água, o sector industrial teve um consumo de 7,030 m3 e outros gastaram 9,105 m3. Mas o número que surpreende foi o volume de água captada nesse ano que chegou aos 55 milhões e 927 mil m3. Os dados revelam ainda que 60 por cento da população estava servida por um sistema de drenagem de águas residuais e 54 por cento por um de tratamento de águas residuais.
Reflorestação é essencial na captação - O Governo Regional tem vindo a apostar na reflorestação das serras da Madeira, uma forma não só de evitar a erosão, mas é também um meio de captação de água. Só nas serras de Santo António e São Roque já foram introduzidas mais de 200 mil plantas, desde Novembro do ano passado. Outros projectos de reflorestação estão previstos para o decorrer deste ano.
Quem também tem apoiado neste campo é a Associação Amigos do Parque Ecológico do Funchal que nas serras do Areeiro tem reflorestado vastas áreas de terreno.
ONU alerta para morte de crianças a cada 20 segundos - A cada 20 segundos morre uma criança vítima das «péssimas condições» de saneamento que afectam cerca de 2 600 milhões de pessoas, lembrou esta semana o secretário-geral da ONU. Num comunicado divulgado por ocasião do Dia Mundial da Água, que se assinala hoje, e que este ano coincide com o Ano Internacional do Saneamento, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, destacou a importância de adoptar medidas em relação a uma crise «que afecta mais de uma em cada três pessoas no mundo».
Na mensagem, Ban Ki-moon lembrou que em cada ano 1,5 milhões de vidas de crianças perdem-se devido a algo que «perfeitamente se poderia prevenir». Os «deficientes serviços de saneamento», conjugados com a «falta de água potável e uma higiene inadequada», são, segundo o responsável, factores que contribuem para o para o «terrível número de mortes ao nível mundial».
Marília Dantas
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