sexta-feira, 25 de abril de 2008

1723. Soajo: Pastores acusam PNPG de não pagar há dois anos prejuízos provocados pelos lobos

O Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) não paga há dois anos as indemnizações pelos animais mortos pelos lobos, para desespero dos pastores e criadores de gado do Soajo, que se vêem forçados a abandonar a actividade. A denúncia foi hoje feita, à Lusa, pelo presidente da Junta de Freguesia do Soajo, em Arcos de Valdevez, que sublinhou que estes atrasos no pagamento das indemnizações configuram "uma clara e absoluta ilegalidade", já que a lei estipula que elas devem ser pagas num prazo de 60 dias.
Manuel Barreira Costa disse ainda que esta situação é "verdadeiramente insustentável", tendo em consideração que "os ataques dos lobos são cada vez mais frequentes e mais próximos dos habitações". "Assim, não há quem resista", acrescentou.
O autarca sustentou que agora começaram a aparecer lobos com chips de identificação, "o que parece indiciar que estão a pôr mais animais no PNPG, como que se os que já existiam não dessem problemas que chegassem". "O resultado disto é que os pastores desanimam e abandonam a actividade. Ainda estes dias, um pastor que tinha mais de 300 cabras decidiu vender os animais e arrumar o cajado", afirmou.
Contactado pela Lusa, o director do PNPG, Henrique Pereira, confirmou que as indemnizações não são pagas desde meados de 2006 e que esta é uma situação de "incumprimento", justificada pela "falta de dinheiro". Segundo Henrique Pereira, a dívida para os proprietários de gado do PNPG ascenderá, neste momento, a 250 mil euros, mas, no cômputo de toda a região norte, a verba chega ao meio milhão de euros. "Não temos dinheiro e é só por isso que não pagamos a tempo e horas", acrescentou. Em relação aos lobos com chip, explicou que isso tem a ver com um estudo de monitorização dos impactes dos parques eólicos sobre as alcateias. "A acusação de que estamos a introduzir mais lobos no parque não tem qualquer fundamento", garantiu. Segundo Henrique Pereira, neste momento haverá em todo o PNPG uma dezena de alcateias, com três a quatro lobos cada. Os lobos são uma espécie protegida, pelo que não podem ser abatidos, nem mesmo quando estão a atacar rebanhos.
"São uma espécie protegida, mas quem os está a alimentar são os proprietários de
gado, que volta e meia vêem os seus rebanhos dizimados. E a estes ninguém os protege", critica o autarca do Soajo.
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