O ministro alemão do Ambiente, Sigmar Gabriel, anunciou que Berlim vai abandonar uma medida-farol para desenvolver os biocombustíveis porque mais de três milhões de automóveis não poderão utilizá-los. “Não o faremos”, confirmou o ministro à estação de televisão ARD.
A Federação alemã dos importadores de automóveis VDIK estimou que 3,3 milhões de veículos, ou seja, 30 por cento das viaturas estrangeiras, não poderão funcionar com a mistura do etanol e gasolina que Berlim queria impor. Sigmar Gabriel tinha alertado que se o número de veículos inadaptados ultrapassasse um milhão, iria abandonar o projecto.
“Não se trata de uma medida contra a política de Ambiente, mas uma medida destinada a ajudar a indústria automóvel”, salientou o ministro. Este anúncio representa um duro golpe para os biocombustíveis, dantes apresentados como a solução miraculosa para as alterações climáticas – devido à redução nas emissões poluentes – mas que hoje são criticadas por várias organizações ecologistas.
O projecto E10 previa aumentar de cinco por cento para dez por cento, a partir de 2009, a proporção de etanol na gasolina tradicional para reduzir as emissões de dióxido de carbono. Mas a mistura, mais corrosiva que o combustível clássico, arrisca a desgastar mais rapidamente algumas peças dos motores e é incompatível com os carros mais antigos, nomeadamente aqueles que têm mais de 15 anos.
Este abandono representa ainda um recuo na política ambiental do Governo alemão, que decidiu ir mais longe e mais rápido do que a União Europeia nas suas ambições de redução das emissões de dióxido de carbono. Para o fazer contava com os biocombustíveis, entre outras medidas.
Há várias semanas que o projecto E10 já a ser alvo de críticas de organizações ecologistas como a Greenpeace, que denunciam as condições da plantação de colza ou soja, indispensáveis à produção dos biocombustíveis, e dos automobilistas, que receavam um aumento dos custos.
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Fonte: PÚBLICO
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