terça-feira, 3 de junho de 2008

1809. Ar condicionado pode diminuir risco de morte

Um estudo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, apresentado em Faro, demonstra que o ar condicionado nos hospitais durante ondas de calor pode ter “um efeito protector”.
Baltazar Nunes, investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em Lisboa, apresentou em Faro, um estudo onde se conclui que a permanência de doentes, durante períodos de ondas de calor em Hospitais com ar condicionado, “tem um efeito protector”. Segundo o investigador, “a estadia em serviços com ar condicionado durante períodos de calor é responsável por um redução de cerca de 40 por cento do risco de morte”, valor que já prevê diversas variáveis que possam existir. “Quando estamos em situações que não há excesso de calor, estar num serviço com ou sem ar condicionado é, basicamente, a mesma coisa”, acrescenta Baltazar Nunes.
O investigador acredita todavia, que a solução para diminuir o número de óbitos nos hospitais durante períodos de altas temperaturas pode passar por uma climatização eficaz. O estudo incidiu sobre serviços hospitalares de todo o país, com ar condicionado (utilizando para comparação com serviços equivalentes mas sem este sistema de refrigeração do ar), indivíduos com idade igual ou superior a 45 anos e pacientes que já estivessem internados durante o período em que se verificou a onda de calor do ano de 2003.
Ao realizarem o estudo os investigadores apenas tiveram em conta a existência ou não do ar condicionado nos serviços seleccionados, não tendo conhecimento se, no caso de existir, o mesmo estava ligado e/ou instalado em todas as enfermarias.
As conclusões desta investigação foram apresentadas durante as palestras de comemoração do Dia Mundial da Saúde, organizadas pela ARS Algarve, sob o tema geral Proteger a Saúde Face aos Efeitos das Alterações Climáticas.
Durante o debate, que se seguiu à apresentação, Helena Gomes, directora clínica do Hospital Central de Faro (HCF), salientou que cada vez que ocorrem subidas acentuadas da temperatura os profissionais de saúde adoptam medidas específicas nos tratamento dos doentes e que passam por garantir a hidratação, maior atenção para a roupa das enfermarias e cuidado na alimentação. “Corrigir a perda hídrica durante a transpiração é fundamental”, reforça.
“Há efectivamente um aquecimento global”, afirmou Cristina Veiga Pires, geóloga, investigadora e docente da Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente (FCMA), da Universidade do Algarve e do CIMA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental, durante a apresentação da palestra “Alterações Climáticas e Saúde – Ciência e Ficção”. O aumento da temperatura e os problemas que daí podem advir para a saúde são questões a que a ARS Algarve está atenta.
A questão dos mosquitos vectores de doenças está a ser alvo de um acompanhamento constante por parte da ARS Algarve (ver
aqui), que conta ainda com uma rede de intercâmbio de conhecimentos entre várias entidades. “É uma questão muito importante: o trabalho de rede e ter à disposição o trabalho [de investigação] que tem sido feito pela Universidade do Algarve, em áreas que aparentemente nada dizem ao comum dos cidadãos mas que têm tudo a ver”, concluiu em conversa com o Observatório do Algarve Rui Lourenço, presidente da ARS Algarve, mencionando como exemplo um estudo recente sobre bivalves (ver aqui).
Inês Correia
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