É o efeito bola de neve. "A crise já não contribui para o turismo da Serra da Estrela, mas as estradas encerradas completam o cenário de desolação", diagnostica um vendedor de queijo e presunto, à espera do cliente que há vários dias não entra ali na loja do Sabugueiro, aldeia que é porta de entrada para a montanha mais alta de Portugal.
A estrada está fechada logo à entrada de Seia, concelho onde está edificada a única estância de esqui do país. É possível estacionar no Sabugueiro, mas não é possível percorrer o quilómetro que a separa da Torre, onde estão alojadas nove pistas de esqui. E sem acesso às pistas, a poucos interessa chegar à aldeia. O acesso está interdito desde terça-feira.
Sem neve, a Serra da Estrela de nada serve a quem espera pelos dias mais frios da estação para praticar desportos de Inverno. Foi assim nos últimos dois anos – não houve temperatura suficiente para degenerar em neve ou houve neve, mas foi logo derretida pela chuva. O turismo ressentiu-se. Agora, vestida de branco, marcada por um dos mais intensos nevões de que dizem haver memória, a Serra, quase dois mil metros de altitude, continua a não satisfazer os desejos dos turistas, nem quem vive dos desejos deles. Os hotéis estão vazios; as lojas despidas; nas ruas apenas cães. Dura ironia: há neve, mas não há como lá chegar.
"Antigamente, por esta altura, já tinha os quartos todos alugados para o Carnaval. Agora, nem um", lamenta um residente de 75 anos, mais de 30 a aquecer os pés no aquecedor a gás, electrodoméstico estacionado ali no meio da loja de licores e queijos que já conheceu fila e agora só o tem a ele. As histórias dos comerciantes são todas iguais. Com uma única diferença: há os que entendem o corte da estrada e os que o criticam.
O administrador da Turistrela, critica tudo: o Centro de Limpeza da Junta Autónoma de Estradas e a brigada de montanha da GNR. Não se conforma com o facto de as estradas só ficarem transitáveis quando já estão secas e sem neve. Defende que "a economia da região depende do turismo" e que devido ao encerramento da ligação Piornos-Torre-Lagoas já se terão "perdidos vários milhões de euros". O responsável da Turistrela compara o cenário português com o estrangeiro: "Em Madrid, os carros andam em segurança, mesmo com 10 centímetros de neve. A limpeza das estradas está a cargo de uma empresa privada paga pelo Estado. Por cada dia de estradas fechadas, a empresa é paga uma multa".
Na Serra da Estrela, há poucos meios ou pouca eficiência na limpeza realizada pela Estradas de Portugal? "Nem uma coisa nem outra" responde o responsável pelo Centro de Limpeza. "Temos seis limpa-neves e duas rotativas. Estamos sempre a trabalhar, todos os dias. Mas nesta região a neve é agravada pelo vento e pela falta de visibilidade. Às vezes, projectamos a neve para um lado e o vento leva-a para outro. Nestas circunstâncias, limpar a Torre é impossível".
Mesmo que houvesse acesso às pistas de esqui não seria possível esquiar, argumenta o comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã. "O vento e o gelo não o permitiriam", garante. "Ao contrário do que acontece na maior parte das estâncias estrangeiras, esta tem muito vento. E aqui a neve é mais densa: se nos Alpes pesa cerca de 70 quilos por metro cúbico, aqui pesa mais de 780 quilos. Não vale a pena comparar os cenários: são diferentes. Não é possível fazer milagres".
A estrada está fechada logo à entrada de Seia, concelho onde está edificada a única estância de esqui do país. É possível estacionar no Sabugueiro, mas não é possível percorrer o quilómetro que a separa da Torre, onde estão alojadas nove pistas de esqui. E sem acesso às pistas, a poucos interessa chegar à aldeia. O acesso está interdito desde terça-feira.
Sem neve, a Serra da Estrela de nada serve a quem espera pelos dias mais frios da estação para praticar desportos de Inverno. Foi assim nos últimos dois anos – não houve temperatura suficiente para degenerar em neve ou houve neve, mas foi logo derretida pela chuva. O turismo ressentiu-se. Agora, vestida de branco, marcada por um dos mais intensos nevões de que dizem haver memória, a Serra, quase dois mil metros de altitude, continua a não satisfazer os desejos dos turistas, nem quem vive dos desejos deles. Os hotéis estão vazios; as lojas despidas; nas ruas apenas cães. Dura ironia: há neve, mas não há como lá chegar.
"Antigamente, por esta altura, já tinha os quartos todos alugados para o Carnaval. Agora, nem um", lamenta um residente de 75 anos, mais de 30 a aquecer os pés no aquecedor a gás, electrodoméstico estacionado ali no meio da loja de licores e queijos que já conheceu fila e agora só o tem a ele. As histórias dos comerciantes são todas iguais. Com uma única diferença: há os que entendem o corte da estrada e os que o criticam.
O administrador da Turistrela, critica tudo: o Centro de Limpeza da Junta Autónoma de Estradas e a brigada de montanha da GNR. Não se conforma com o facto de as estradas só ficarem transitáveis quando já estão secas e sem neve. Defende que "a economia da região depende do turismo" e que devido ao encerramento da ligação Piornos-Torre-Lagoas já se terão "perdidos vários milhões de euros". O responsável da Turistrela compara o cenário português com o estrangeiro: "Em Madrid, os carros andam em segurança, mesmo com 10 centímetros de neve. A limpeza das estradas está a cargo de uma empresa privada paga pelo Estado. Por cada dia de estradas fechadas, a empresa é paga uma multa".
Na Serra da Estrela, há poucos meios ou pouca eficiência na limpeza realizada pela Estradas de Portugal? "Nem uma coisa nem outra" responde o responsável pelo Centro de Limpeza. "Temos seis limpa-neves e duas rotativas. Estamos sempre a trabalhar, todos os dias. Mas nesta região a neve é agravada pelo vento e pela falta de visibilidade. Às vezes, projectamos a neve para um lado e o vento leva-a para outro. Nestas circunstâncias, limpar a Torre é impossível".
Mesmo que houvesse acesso às pistas de esqui não seria possível esquiar, argumenta o comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã. "O vento e o gelo não o permitiriam", garante. "Ao contrário do que acontece na maior parte das estâncias estrangeiras, esta tem muito vento. E aqui a neve é mais densa: se nos Alpes pesa cerca de 70 quilos por metro cúbico, aqui pesa mais de 780 quilos. Não vale a pena comparar os cenários: são diferentes. Não é possível fazer milagres".
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Fonte: Jornal de Notícias
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