domingo, 20 de fevereiro de 2011

3398. Milhares formam cordão humano no Funchal contra depósito de inertes do temporal

Milhares de pessoas formaram hoje um cordão humano contra as toneladas de inertes do temporal de 20 de Fevereiro de 2010 depositadas a leste do cais do Funchal e que o Governo Regional quer aproveitar para construir um novo cais.
"Esta iniciativa excedeu a minha expectativa e visa sensibilizar o povo em geral e as autoridades em particular para a necessidade da retirada do aterro deste local e devolver a praia de calhau rolado que aqui existia. Pretende também ser uma homenagem às vítimas do temporal de 20 de Fevereiro de 2010", salientou à agência Lusa Miguel Sá, que organizou o protesto. "Tratou-se de uma iniciativa pacífica, apolítica e apartidária apesar de já ter visto alguns políticos por aí. Mas eu não tenho nada a ver com essa gente", disse ainda, numa referência à presença de dirigentes do PS, PCP, BE, MPT e PND
A iniciativa foi promovida e divulgada através da rede social Facebook e mais de 600 internautas manifestaram-lhe apoio enquanto que a petição para a remoção do aterro já foi assinada por mais de mil pessoas. Entre as pessoas que formaram o cordão humano esteve o vereador responsável pela área do Ambiente na Câmara Municipal do Funchal, Costa Neves, que disse à Lusa estar ali "como cidadão".

"Participo aqui como cidadão que se preocupa com o Funchal e queria relembrar dois aspectos que acho que têm sido esquecidos. Um deles é que todo este volume de inertes que aqui está tem um potencial económico muito grande, ou seja, pode ser retirado e aproveitado para obras da reconstrução", sustentou. Para Costa Neves, com o aproveitamento do entulho "composto essencialmente por basalto puro e duro", haveria uma poupança mas também assim se evitaria "explorar o basalto em pedreiras em formações naturais", ou seja, haveria "uma salvaguarda ambiental". "Realçaria ainda que a baía do Funchal não é pertença do Governo Regional, a baía do Funchal é um património de todos e nós, enquanto aqui estamos de passagem, somos apenas fiéis depositários de um património que é de todos e que temos o dever de entregar o melhor possível às gerações futuras", concluiu.
As pessoas concentraram-se no cais da cidade do Funchal tendo-se depois dirigido ao aterro, onde formaram um cordão humano que durou cerca de uma hora e onde foi respeitado um minuto de silêncio pelas 48 vítimas mortais e pelos seis desaparecidos no temporal de há um ano. Na área do "depósito temporário de inertes" que cobre a praia de calhau rolado que antes exista a leste da cidade da capital madeirense, o Governo Regional decidiu construir um novo cais acostável de 300 metros. O projecto prevê ainda a construção de uma nova praça, três praias de calhau rolado, novas protecções marítimas e a formação de uma única foz para as ribeiras de João Gomes e de Santa Luzia.
Numa nota, o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, minimiza o "escarcéu agora promovido" pelos oponentes do projecto e declara que o seu Executivo "fará mesmo o anunciado, grite quem gritar, pois até é necessário para alavancar a economia e o emprego".
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Fonte: SIC

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