segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

3405. Santa Comba Dão contra saída de helicóptero do INEM

Santa Comba Dão está revoltada com a anunciada saída do helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) da base dos bombeiros para Aguiar da Beira, já no dia 1 de Março. O presidente da Câmara avisou em conferência de imprensa que não vai baixar os braços e que, além de enviar uma carta ao secretário de Estado da Saúde e ao INEM para os tentar demover desta decisão, vai também mobilizar os santacombadenses para que durante o fim-de-semana se juntem no heliporto para «dar visibilidade a esta luta».
«Não porque sirva os interesses dos santacombadenses, mas porque defende acima de tudo os interesses da região. O helicóptero em Santa Comba sai muito mais barato, por vítima, do que em Aguiar da Beira. Este helicóptero faz mais missões com menos horas de voo. Para o país e na situação em que estamos, mudar o helicóptero daqui para Aguiar da Beira é uma decisão completamente errada», sublinhou.
O autarca não tem dúvidas de que esta decisão «tem muito mais de político do que de técnico». «O país vive entregue a lobbies e há um lobbie qualquer que tem muita força e muita pressão naquela região – Aguiar da Beira, Mangualde e por aí – no sentido de levar para lá estes meios», acusou, lamentando que «infelizmente este país toma decisões que custam milhares e milhares de euros ao erário público em função de decisões puramente políticas ou assentes em lobbies políticos».
O presidente da câmara confessou as jornalistas, rodeado de autarcas do concelho, que pensou em pedir a demissão quando o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro lhe disse que o helicóptero iria passar para Aguiar da Beira. «Ponderei apresentar a minha demissão de presidente da Câmara, porque entendo que se sou eu que estou a mais, e é melhor arranjar alguém que esteja sujeito a este tipo de vexames, pois eu não estou, tenho a minha profissão e ela há-de estar à minha espera quando sair daqui». Contudo, decidiu não o fazer porque «os santacombadenses merecem que continue aqui, à frente, a lutar por isto e por outras coisas» que lhes têm sido «retiradas ultimamente».
O autarca chega mesmo a colocar a hipótese de haver uma espécie de «perseguição», pois, em menos de um ano, «tudo o que era inspecções» foram à Câmara. João Lourenço sente-se «enganado» pelo secretário de Estado, pois estava convicto de que o Plano Estratégico do INEM iria ser revisto, mas não foi isso que aconteceu. «Por isso é que falo em lobbies políticos e pressões contra Santa Comba Dão. Não pode ter sido por outra razão, porque já havia dados de um ano da operacionalidade do helicóptero, aqui e nos outros locais, e era fácil comparar», criticou.
«Vamos pagar isto, não só com dinheiro, mas com vidas, porque estou convencido de que o helicóptero em Aguiar da Beira não vai ter a eficiência e a eficácia que tem em Santa Comba Dão», referindo também as operações conjuntas que são feitas com a Protecção Civil na base de Santa Comba. «Foi o INEM que pediu aos bombeiros a colocação de um helicóptero e ninguém falou em coisas provisórias, vieram sim pedir obras de milhares de contos», lembrou indignado o comandante, que salientou que as obras foram feitas em tempo recorde e de acordo com as exigências do INEM: construção de uma sala climatizada para medicamentos, um centro de lavagens de equipamentos e desinfecção e, recentemente, um hangar especificamente para este helicóptero, entre outras.
A autarquia investiu algum dinheiro, mas os elementos da direcção da Associação Humanitária fizeram um empréstimo em nome próprio para custear esta despesa, que rondou os 300 mil euros e que também incluiu remodelações no quartel para receber as equipas. «Andaram [em Aguiar da Beira] à pressa a fazer obras, mal feitas, algumas cheias de constrangimentos. Ainda hoje gostava de saber como é que o Instituto de Aviação Civil certificou aquele heliporto, que não tem uma série de estruturas absolutamente necessárias», constatou o comandante.
Catarina Tomás Ferreira
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