domingo, 8 de maio de 2011

3500. Necessidade de evitar a “Cegueira da Neve”

A maioria das pessoas deve saber que os raios ultravioletas podem causar danos irreversíveis à pele e aos olhos. Doenças oculares conhecidas, tais como catarata e degeneração macular. Até a Cegueira da Neve é uma condição grave que pode levar uma pessoa à cegueira total.
Apesar das radiações serem invisíveis aos olhos humanos, os seus efeitos são claramente percebidos quando não se toma o devido cuidado. Há quase um século, os exploradores do Árctico forneceram os primeiros relatos dos efeitos adversos da radiação ultravioleta nos olhos. A cegueira da neve ou Snowblindness foi o termo por eles usado para descrever as queimaduras na córnea sofridas por muitos deles devido à grande exposição ao sol e à reflexão pela neve.
A radiação ultravioleta (UV) é emitida pelo Sol e sabemos que há três tipos, UV-A, UV-B e UV-C, por ordem decrescente de comprimento de onda. Na teoria, quanto menor o comprimento da onda, pior o dano causado pelo raio. Sendo assim, os raios UV-C seriam os grandes vilões da história. Mas para a nossa alegria, os raios UV-C (< de 280 manómetros) são absorvidos pela camada de ozono. Assim, a Cegueira da Neve é causada pelo excesso de radiação UV na córnea, especialmente os raios UV-B.
O Sol é o principal fornecedor de radiação UV mas não é o único! No nosso dia a dia há ainda as lâmpadas de bronzeamento, instrumentos de soldadura, lasers, entre outros. As nuvens absorvem parte da luz visível, e em menor grau a ultravioleta e, num dia nublado, a quantidade de UV recebida pode ainda ser grande apesar de não se sentir a luz do sol. A quantidade de UV recebida é aumentada quando é reflectida por neve que aumenta esse índice até 80% dos UV ou pela areia, aumento até 15%, ou pela espuma do mar que reflecte até 25 % dos UV.
Em alta montanha e em estações de esqui, a quantidade dos raios UV recebida, por causa da altitude, aumenta. A cada 305 metros mais acima, temos 4% a mais de incidência dos raios UV. Quando o Sol está mais alto, a luz é menos filtrada e 50% dos UV são recebidos entre as 11h da manhã e as 2h da tarde. Por esses motivos, um cuidado especial deve ser tomado por pessoas que pretendem ir para uma montanha com neve.
Os escaladores de alta montanha que precisam usar cilindros de oxigénio (em altitudes extremas-acima de 7000m) incomodam-se com o ar quente e húmido que exalam de seus pulmões e acabam embaçando os seus óculos, principalmente durante a descida. Então, é comum que escaladores retirem as suas protecções oculares por alguns instantes, que muitas vezes, já são suficientes para causar Snowblindness.
Uma pessoa que se expôs ao sol da montanha pode sentir dor ocular intensa, apresentar olhos vermelhos, aparecimento de halos ao olhar para luz, edema palpebral, aumento visível do lacrimejamento e as pupilas contraídas. E esses sintomas podem levar de 6 a12h para aparecerem.
Dependendo da gravidade da lesão e do tratamento recebido, o escalador pode voltar a recuperar a visão em cerca de 18h. E a superfície corneana leva em média de 24-48h para se regenerar. Mas infelizmente há casos onde a cegueira é total e permanente.
Uma vez que o efeito dos UV é cumulativo, a protecção deve fazer-se sempre que seja desenvolvida uma actividade ao ar livre em dias que não estejam muito nublados. Nuvens espessas bloqueiam os UV, mas uma camada de nuvens finas que atenua consideravelmente a luz visível não tem tanto efeito sobre a luz UV. Nesta altura a necessidade de protecção não é tão sentida, mas igualmente necessária.
O objectivo é então bloquear os UV impedindo-os de chegar aos olhos. As principais ajudas para este efeito são chapéus e óculos de sol.
Os óculos de sol devem bloquear 99-100% tanto da luz UV-A como UV-B. Além disso, o melhor é ter um óculo que absorva 75-80% na luz visível e idealmente dê alguma protecção para a retina em relação à luz violeta e azul. Uns óculos com armação que contorne a face oferecem maior protecção porque bloqueia os raios periféricos.
Para quem usa lente de contacto, é também necessário o uso de óculos de sol e melhor ainda se as próprias lentes de contacto tiverem filtro para UV, o que já é possível em algumas marcas. Estas lentes de contacto não devem ser usadas em substituição dos óculos de sol, mas constituem uma protecção adicional aos UV periféricos que passam por fora do óculo de sol.
Karina Oliani
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Fonte: Extremos (Portal de Aventura)

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