domingo, 10 de julho de 2011

3564. Subida de preços dos alimentos faz disparar alarme na Europa

As preocupações sobre a recente escalada dos preços das matérias-primas levaram o presidente francês, Nicolas Sarkozy, até à Comissão Europeia onde falou a convite de Durão Barroso. A subida dos preços das ‘commodities' deverá afectar o orçamento das famílias, mas será também uma oportunidade para a agricultura nacional e para os investidores que queiram investir em matérias-primas, dizem os especialistas.
Sarkozy, que assume actualmente a presidência do G20, alertou para a possibilidade do aumento de preços das ‘commodities' ter um impacto negativo no crescimento global. E alertou também para a possibilidade do sector das matérias-primas conduzir, à semelhança do que aconteceu em 2008, o mercado financeiro para a beira do abismo."É altura de o G20 assumir as suas responsabilidades", disse o presidente francês em Bruxelas.
"Vamos assistir novamente a um desastre no mundo das matérias-primas? (...) Temos que o evitar, agora", avisou Sarkozy que exortou a uma maior transparência e regulação nos mercados. A impulsionar a subida dos preços tem estado o aumento exponencial da procura por parte dos países emergentes, como é o caso da China que de exportador de matérias-primas passou, recentemente, a um dos maiores importadores a nível global.
Portugal importa cerca de 75% dos cereais que consome, o que significa que está a ser particularmente afectado pelos elevados preços das matérias-primas nos mercados internacionais. Antónia Figueiredo, secretária-geral adjunta da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), refere que esta subida dos preços pode, no entanto, ser uma oportunidade para a agricultura portuguesa. "Temos esperança de que haja aqui um despertar de consciência e que aqueles dois milhões de hectares que estão por produzir voltem a ser cultivados". E adianta:"Esta situação não é sustentável". E não é difícil perceber porquê. Segundo a Bloomberg, o preço do milho já subiu 21% desde o início do ano, enquanto o preço do leite disparou mais de 40%. O preço do trigo, ainda que registe uma descida de 10% desde o início de 2011, chegou a negociar nos 9,44 dólares o alqueire, em Fevereiro, um valor muito próximo dos 10,18 dólares (recorde atingido em 2008). No mesmo sentido, o milho fixou um novo máximo, em Abril deste ano, ao negociar nos 7,81 dólares o alqueire. Subidas que se juntam ao aumento do preço dos combustíveis e se reflectem no preço apresentado ao consumidor final.
"O aumento do IVA, a subida do preço dos combustíveis e dos bens alimentares terão implicações profundas na vida da sociedade portuguesa", referiu ao Diário Económico João Moura, Executive Researcher na Ipsos Apeme. Um estudo realizado em 2009 mostra que 89% dos portugueses alterou os seus comportamentos de consumo devido à crise. É preciso, portanto, que os consumidores consigam fazer uma ‘adaptação inteligente' a novos hábitos de consumo. Uma mudança que, explica o especialista, "implica ou a alteração da frequência de consumo ou o consumo de bens substitutos, a monitorização de preços e promoções, a abertura à experimentação de novos produtos, na "desfidelização" às marcas, a revisão da motivação para a compra dos produtos, entre outras estratégias".
No entanto, e apesar do peso que estes aumentos provocam no orçamento das famílias – que vêem o preço do seu cabaz alimentar a subir de mês para mês, há quem saiba tirar o melhor partido desta escalada e fazer render os seus investimentos.
Margarida Vaqueiro Lopes
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Fonte: Económico

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