A coordenadora do grupo da Água
na Quercus, Carla Graça, defendeu que Portugal devia de implementar um plano
para o uso mais eficiente da água, que considera indispensável no actual
contexto de alterações climáticas.
Para a ambientalista, a conclusão
dos projectos de regadio associados a barragens já construídas será “o caminho”
que deve ser adoptado: “em tempos de seca como os que atravessamos, poderia
fazer alguma diferença, no entanto, temos de questionar de que forma o regadio,
num contexto de alterações climáticas, será a resposta. Podemos não ter água
para armazenar”. O país deve “ter medidas de uso eficiente da água. Existe um
plano para o uso eficiente da água mas que ainda não foi adoptado. Temos de
poupar a água que vamos tendo”, acrescentou Carla Graça.
A maior parte dos projectos de
regadio anunciados há muitos anos estão por concluir desde o caso recente do
Alqueva a estruturas como o Vale do Lis ou do Mondego. Salientando que o
Governo já estabeleceu como objectivo a conclusão dos projectos de rega e que
“também se fala em expandir”, a ambientalista defendeu que “era importante um
consumo eficiente em vez de se expandir”. Será “esse o caminho numa altura de
alterações climáticas”, frisou.
Por seu lado, o arquitecto
Gonçalo Ribeiro Teles disse que os sistemas de rega funcionam “muito mal”
porque “não há uma política de ordenamento do território”. “Não há sistemas de
planeamento e de organização. Não é respeitada a organização territorial com
base nas reservas agrícolas. Tudo está voltado para a florestação e a
construção civil”, lamentou.
“Era preciso uma política
diferente de alto a baixo. Nunca se deu importância à agricultura e agora é que
se dá importância com o despovoamento e a desertificação”, defendeu Ribeiro
Telles. O arquitecto alertou também que a falta de regadios e a desertificação
do interior são problemas que aumentam as importações de produtos alimentares e
o risco de incêndios porque “quando desaparece a agricultura, aumentam os
fogos”.
O presidente do Grupo de Estudos
de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), João Joanaz de Melo, levantou
a questão do investimento que os agricultores têm de fazer para beneficiarem
dos sistemas de rega das barragens. “Há muitos terrenos dentro do perímetro de
rega e muitos proprietários não usam as regas por variadas razões”,
nomeadamente pelos “investimentos que têm de fazer”, afirmou.
E deu o Alqueva como exemplo: “No
Alqueva, o problema é que a maior parte não são usados em plena capacidade
porque é caro instalar sistemas nos terrenos”.
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Fonte: Açoriano Oriental
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