A água que banha a costa
portuguesa, em especial a do Algarve, tem estado mais fria do que em anos
anteriores. As diferenças são pouco significativas, na ordem dos 2 a 3 graus,
mas perceptíveis aos veraneantes que por esta altura procuram dar uns mergulhos
e aproveitar as férias. A boa nova é que nos próximos dias a temperatura média
da água deverá subir, devido a uma alteração meteorológica.
A explicação para as águas frias,
segundo o Instituto de Meteorologia (IM), é simples e está na direcção do
vento, devido ao Anticiclone dos Açores, e consequente influência na circulação
das águas superficiais. "O Continente tem sido influenciado por ventos de
Norte/Noroeste, na circulação de um anticiclone localizado na região dos
Açores, o que tem originado ondulação predominante de Sudoeste na costa
algarvia", afirmou ao CM fonte do IM, dando conta que na terça-feira o
"ventou rodou no Algarve para Sueste e a ondulação também passou a estar
de Sueste, fazendo subir a temperatura da água do mar". A água fria
deve-se, sublinhou o IM, "à baixa frequência de situações de Sueste neste
Verão".
Segundo a Marinha, a explicação
para as águas frias na costa ocidental deve-se ao afloramento da corrente
costeira. O meteorologista Manuel Costa Alves responsabiliza também as correntes
marítimas que trazem águas frias das latitudes mais a Norte. "As ilhas
britânicas têm estado sob condições adversas e os ventos fazem com que as
correntes transportem águas frias para Sul, baixando a temperatura na nossa
costa".
Esta situação tem deixado
desconsolados os banhistas da praia do Vau, em Portimão. Um industrial de
mármores, de 64 anos, de Borba, Alentejo, de férias com a esposa, revelou que
"nos primeiros dias era difícil estar na água, por causa do frio".
"Até arrepiava. Saíamos logo. A minha mulher teve dias que nem sequer se
aproximou do mar", lamentou.
Degelo sem influência – A situação
de degelo extremo, verificada no final do mês passado na Gronelândia, não tem
qualquer influência directa na temperatura das águas em Portugal. Segundo o
meteorologista Costa Alves, "a água da Gronelândia que vai parar ao oceano
Atlântico sofre um processo de aquecimento até chegar às costas de
Portugal". "É um processo demorado. Portanto, a sua influência em
Portugal não é directa", refere Costa Alves, para quem o degelo representa
um enorme problema e uma preocupação: "O gelo no Árctico está a diminuir
rapidamente. Estou convencido que dentro de 15 anos, no máximo, teremos Verões
sem gelo naquela região".
Estas são também as perspectivas
da NASA que registou o maior degelo dos últimos 30 anos. A conclusão dos
cientistas baseia-se em imagens de três satélites, que mostram um degelo rápido
entre os dias 8 e 12 de Julho. Nesse período, a área derretida passou de 40% do
total da superfície da camada de gelo para 97%. Num Verão normal, metade da
superfície derrete, mas este ano a extensão aumentou dramaticamente.
André Pereira /Ana Palma
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Fonte: Correio da Manhã
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