A situação é
dramática e os prejuízos são de milhões de euros na produção na fruta,
hortícolas e azeitona no Vale da Vilariça. Cerca de 200 agricultores são
obrigados a deixar de regar dentro de dois ou três dias centenas de hectares nos
concelhos de Alfândega da Fé e Vila Flor, área servida pelo sub-bloco da
Barragem da Burga, incluído no sistema de regadio do Vale da Vilariça.
A Burga
deverá entrar em ruptura muito em breve. A alternativa é não regar. "Não há
água", sublinha José Almendra, presidente da Associação de Agricultores. A que
resta chega para duas regas. É grande a dor dos agricultores que olham para o
vale e se deparam com campos revestidos de nectarinas e pêssegos que tombaram
das árvores devido à seca. Manuel Afonso, agricultor de Santa Comba, tem os
cálculos feitos. "A azeitona de ripa, destinada a conserva, está toda perdida."
E pelo menos 50% da produção para azeite está irremediavelmente
arruinada.
A albufeira
da Burga tem capacidade para um milhão e oitocentos mil metros cúbicos. Está na
quota mínima. "Retirar mais água põe em causa a continuidade da barragem",
alerta Fernando Brás, presidente da Associação de Regantes. O racionamento foi a
solução encontrada há semanas para minimizar o problema. Instalou-se uma válvula
de seccionamento em parte do regadio e reduziu-se a rega para duas vezes
semanais. Um alívio momentâneo que acabou por ceder face às elevadas
temperaturas do microclima local e à falta de chuva. "A água já não tem pressão,
traz resíduos. A filtragem não é bem feita e entope o sistema de rega", diz
Manuel Afonso.
Em 2010 foi
aprovado pelo PRODER um projecto para a construção de um dique na Burga por dois
milhões com uma comparticipação de 25% do Estado (500 mil euros) que não
avançou. "Os prejuízos da seca serão bem maiores do que essa verba", refere
Fernando Brás.
Glória
Lopes
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Fonte: Jornal de Notícias
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