Cientistas que observam o quarto
ano consecutivo em que o clima de fim de inverno em zonas da Europa e dos
Estados Unidos é extremamente severo sugeriram que o aquecimento global é a
fonte do problema. “O aquecimento está a causar uma massa de ar polar entre o
oceano e a atmosfera que será deslocada para sul”, disse à agência de notícias
francesa AFP Dim Coumou do Instituto de Potsdam para Pesquisa do Impacto
Climático, na Alemanha.
O aumento das temperaturas está a
causar o degelo da calota polar do Oceano Ártico, principalmente durante o
verão. Em 1979, quando começaram as medições por satélite, o gelo durante o
verão cobria cerca de sete milhões de quilómetros quadrados, mas em setembro de
2012 atingiu a sua extensão mais baixa alguma vez registada com apenas 3,4
milhões de quilómetros quadrados.
Sem gelo que reflita a luz, o mar
absorve a radiação solar, que por sua vez causa o degelo. O calor adicional,
armazenado em uma vasta área de água à superfície, é gradualmente libertado
para a atmosfera, aumentando a pressão do ar e da humidade no Ártico e
reduzindo a temperatura em latitudes mais baixas. O vórtice polar, um ciclone
persistente em grande escala que varre o ar ártico, começa a enfraquecer e uma
massa de ar frio húmido propaga-se para sul, trazendo neve e frio para a Europa
e Estados Unidos, mantendo-se nestas zonas devido à corrente de jato, uma
corrente de ar veloz que ocorre na alta troposfera.
Em vez de rodear o hemisfério
norte de uma forma resistente e previsível, este vento de grande altitude
percorre um trajeto na Europa, no Oceano Atlântico e nos Estados Unidos. As
zonas mais a sul que fazem parte deste caminho sofrem um clima frio que por lá
fica. “O calor que é armazenado no Oceano Ártico pode rapidamente transferir-se
para a atmosfera, afetando a dinâmica de padrões climáticos do hemisfério
norte”, afirmou Coumou.
O diretor do Programa de Recursos
Oceânicos e Ecossistemas na Universidade de Cornell em Nova Iorque, Charles
Greene, disse que “com as mudanças no gelo do mar” se estabelece uma situação
em que “a probabilidade de invasões de ar frio do Ártico” aumenta.
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Fonte: Açoriano Oriental
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