As observações tradicionais
aliadas às novas tecnologias fazem da previsão do tempo uma ciência cada vez
mais exata. É do Centro de Previsão e Vigilância Meteorológica dos Açores do
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), atualmente a funcionar no
aeroporto de Ponta Delgada, que saem todos os dias as previsões do estado do
tempo que vão afetar positiva e negativamente milhares de açorianos nos dias
seguintes.
O Centro de Previsão deveria
funcionar 24 horas por dia mas por falta de pessoal, o período entre a 1 e as 5
da manhã está neste momento a descoberto, embora sempre que haja um alerta que
o justifique, é feito um período extraordinário de trabalho para cobrir as 24
horas. A simulação feita todos os dias às 12 horas é a que serve de referência
para as seguintes, sendo que a previsão do estado do tempo é feita com base na
aplicação de modelos numéricos de previsão do tempo que fazem aproximações cada
vez mais fidedignas da realidade.
Esses modelos utilizam os dados
da pressão atmosférica, da temperatura, da humidade e do vento e alimentam-se
das informações que vêm, quer das tradicionais observações de superfície e dos
balões meteorológicos, quer das mais recentes imagens de satélite e informações
de radares meteorológicos. As equações desses modelos meteorológicos permitem
avaliar as condições do estado do tempo à superfície, mas também nas várias
camadas da atmosfera numa perspetiva tridimensional. Ou seja, o meteorologista
consegue através desses modelos ‘compreender’ como se comporta a atmosfera e como
ela vai evoluir nas próximas horas, nos próximos dias ou até num determinado
local.
Atualmente, a previsão é feita
até cinco dias, o que mostra bem o ponto de evolução dos modelos de previsão.
Conforme refere o delegado regional do IPMA, Diamantino Henriques, longe vão os
tempos em que não se acreditava na Meteorologia e havia a ideia feita de que a
previsão para os Açores nunca acertava, devido à variabilidade do estado do
tempo nas nossas ilhas. “Hoje, consegue-se prever com três dias de antecedência
com a mesma certeza com que há trinta anos se previa para o dia seguinte”,
afirma, algo que se deve sobretudo à cada vez maior inclusão nos modelos dos
bastante mais abrangentes e fiáveis dados de satélites e radares. Até há pouco
tempo atrás, o IPMA recorria a uma rede de colaboradores que recolhia pelas
ilhas os dados da temperatura do mar e da quantidade de precipitação. Contudo,
essa rede ‘desfez-se’ quando o Estado obrigou a que esse serviço fosse
registado nas Finanças e alvo de um contrato, fazendo com que o trabalho
burocrático não compensasse o rendimento.
E se é verdade que se dá mais
pelo trabalho da Meteorologia no inverno, devido aos alertas de mau tempo,
Diamantino Henriques lembra que no verão o trabalho do IPMA não perde
importância, seja nas previsões para a atividade turística, seja a prever o
índice ultravioleta para saber se é mais ou menos perigosa a exposição ao sol,
seja ainda, no caso do Continente ou da ilha da Madeira, para avaliar o risco
de incêndio florestal. Além disso, nos Açores, por haver aeroportos ou
aeródromos em todas as ilhas, o trabalho da Meteorologia é fundamental para
garantir a segurança da operação dos aviões no inverno e no verão.
Rui Jorge Cabral
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Fonte: IPMA (Delegação dosAçores)

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