Faleceu hoje Anthímio José de Azevedo, um dos maiores
profissionais portugueses de meteorologia e grande divulgador da meteorologia e
da física do clima. O desaparecimento de Anthímio de Azevedo deixa a
meteorologia nacional de luto, e em especial o Instituto Português do Mar e da
Atmosfera onde desenvolveu uma grande parte da sua actividade profissional, e
onde foi um dirigente relevante.
Por indicação da família solicitamos contudo que a
privacidade seja assegurada, neste momento difícil para todos, em que parte
aquele que foi para muitos a cara da meteorologia
portuguesa.
Nota Biográfica –
Anthímio José de Azevedo nasceu em Ponta
Delgada, na Ilha de São Miguel, Açores, a 27 de Abril de 1926. Frequentou o
Liceu Antero de Quental e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa,
onde se formou em Ciências Geofísicas. Meteorologista de profissão, tornou-se um
dos rostos mais conhecidos da televisão, tendo dado a cara pela meteorologia
portuguesa na televisão pública desde 1 de Novembro de 1964 a 1967, de 1971 a
1977, e de 1981 a 1990, altura em que este serviço foi interrompido pela
primeira vez, apesar dos protestos dos espectadores.
Anthímio de Azevedo teve um extenso percurso
profissional no Serviço Meteorológico Nacional e no Instituto Nacional de
Meteorologia e Geofísica, predecessores do actual Instituto Português do Mar e
da Atmosfera. Foi director do Serviço Meteorológico da Guiné de 1967 a 1971 e de
1976 a 1977, neste período como perito da Organização Meteorológica Mundial,
tendo coordenado a organização do novo Serviço Nacional e a formação dos seus
quadros. Foi ainda Delegado Nacional ao Grupo de Códigos da Organização
Meteorológica Mundial (1975-1990) e ao Grupo de Meteorologia do Comité Militar
da OTAN (1986-1992). O último cargo institucional foi o de director do Serviço
Regional dos Açores, na sua terra de nascimento e de
coração.
Ao longo da sua actividade profissional acompanha a
modernização da meteorologia moderna, transformada numa actividade
essencialmente assente em observação da Terra, modelação numérica e análise.
Numa entrevista dada em Setembro de 2010 considera: “Deu-se um grande salto no
tempo de análise e previsão. Quando começamos a trabalhar com análise e previsão
por computador, com as observações das 18h TUC tínhamos a previsão, para o dia
seguinte, por volta das 04h. Agora, por volta das 04hTUC, temos a previsão para
4 dias e, um pouco mais tarde, para 10 dias e a 30 níveis na atmosfera. Os
coeficientes de acerto no Centro Europeu de Previsão a Médio Prazo, que pode
orgulhar-se da qualidade das suas previsões em áreas de previsão de outros
centros, são de 96 % para 24 h, de 75% para o quarto dia e de 30% para o décimo
dia”.
Após a aposentação do serviço público manteve intensa
actividade de divulgação da previsão meteorológica, em particular na TVI entre
1992 e 1996. Dedicou-se à escrita e tradução de livros científicos, com foco na
meteorologia e climatologia e interesse particular pela ciclogénese, os
fenómenos de tempo adverso e a mudança climática. Participou em inúmeras
palestras, entrevistas e acções de divulgação, sempre disponível. Anthímio de
Azevedo foi durante toda a vida um apaixonado pela Meteorologia, um grande
comunicador e um grande profissional.
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Fonte (imagem e texto): IPMA
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