Associando-se à comemoração do Dia Mundial do Euromelanoma (www.euromelanoma.org/portugal),
o IPMA informa sobre a radiação ultravioleta e evolução do Índice UV nos últimos
quinze anos.
Ultravioleta, Temperatura do Ar e Alterações
Climáticas – Faz parte do senso comum a associação do calor à radiação solar. De
facto, os eventos de temperaturas extremas coincidem em regra com eventos de
radiação ultravioleta elevada. Então, será que existe uma relação entre a
temperatura e a radiação UV?
A variação diurna da temperatura do ar é causada pelo
aquecimento da superfície da Terra que por sua vez é devido à absorção de
radiação solar. À escala mensal, a temperatura média do ar apresenta uma
correlação pouco significativa com o IUV (Índice UV). Por outro lado, o máximo
do IUV médio mensal ao longo do ano ocorre em Julho, um mês antes da temperatura
mensal média máxima em Lisboa e no Funchal, enquanto em Angra do Heroísmo,
ocorre um mês depois.
Embora a radiação ultravioleta contribua para a
formação da queimadura solar, cujo efeito é perceptível várias horas depois da
exposição ao Sol, esta não contribui para a sensação de ardor sentida no
momento, uma vez que esta resulta do efeito da radiação solar visível e
infravermelha, muito mais intensa do que o ultravioleta.
Os resultados das observações de satélite indicam que
o máximo do IUV ocorre no mês de Julho nos Açores, Madeira e Continente. No
entanto, o máximo da temperatura do ar ocorre no mês de Agosto em Lisboa e no
Funchal (1 mês depois) e, em Junho em Angra do Heroísmo (1 mês antes). Este
resultado, pode ainda contribuir para o agravamento das exposições solares no
início da época estival, visto a dose diária ser maior em Maio do que em
Agosto!
Ainda, de acordo com estes resultados obtidos nos
últimos quinze anos, os períodos com IUV igual ou superiores a 6 (Elevado) é:
nos Açores desde a última semana de Março até a última semana de Setembro; na
Madeira, desde a primeira semana de Março até à segunda semana de Outubro; em
Portugal: desde a primeira semana de Abril até à 3ª semana de
Setembro.
Em média, o número de dias no ano com valores de IUV
Elevado ou superior e com IUV Muito Elevado, respectivamente: nos Açores, 150 e
70 dias; na Madeira, 200 e 129 dias; em Portugal 150 e 85 dias. Por outro lado,
nos últimos 15 anos, o número de dias com IUV Elevado (6) não apresenta qualquer
tendência significativa.
E qual o papel da camada de ozono nesta problemática?
Desde 1994 assiste-se a um aumento gradual da espessura da camada de ozono nas
latitudes médias do Hemisfério Norte. Nos Açores, Madeira e Portugal, a evolução
acompanha esta tendência. No entanto, a destruição do ozono na Antárctida ainda
ocorre com grande intensidade, sobretudo devido ao efeito das baixas
temperaturas na estratosfera. Espera-se que o aquecimento global à superfície
conduza a um arrefecimento da estratosfera e consequentemente a temperaturas
cada vez mais baixas que favorecem a formação de nuvens polares estratosféricas
e a destruição massiva do ozono nessa região. Ainda recentemente (2015) o buraco
de ozono na Antárctida atingiu áreas máximas mais tarde e durante mais
tempo.
Por outro lado, o aumento da radiação observado na
Europa foi de aproximadamente 6.5% desde o início da década de 80 do século
passado, sendo consistente com a redução do ozono estratosférico observada no
mesmo período. Nas latitudes médias do Hemisfério Norte nas quais o nosso
território se insere, este aumento foi da ordem de 8% para o mês de Fevereiro e
de 3 a 5% para os meses de Junho a Agosto.
De acordo com o último Relatório de Avaliação da
Camada de Ozono das Nações Unidas (WMO/UNEP), estima-se que um nível máximo da
radiação UV tenha sido atingido pouco antes do ano 2000, assistindo-se
actualmente a uma diminuição gradual como consequência da recuperação da camada
de ozono. De acordo com estes resultados, espera-se também uma redução dos
níveis de radiação UV para os valores de referência (1975-1995) ainda no final
desta década.
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Fonte: IPMA
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