Portugueses estão a fornecer
alimentos e água potável a populações moçambicanas afectadas pelo ciclone Idai,
no centro de Moçambique, mas estão também a ajudar a cidade da Beira com quatro
utensílios preciosos: motosserras.
Elementos da Força Conjunta chegada
de Portugal, activada pelo Mecanismo Europeu de Protecção Civil e composta
nomeadamente pela GNR, INEM e Bombeiros, estão a produzir diariamente quatro
mil litros de água potável para as populações da vila moçambicana de Buzi,
centro do país, das mais afectadas pelo ciclone Idai e que só tinham para
consumo água do rio.
Num balanço à agência Lusa da
primeira semana de trabalho na região, que a 14 de Março foi afectada por um
ciclone, ao qual se seguiram cheias, Pedro Nunes, que chefia a missão da Protecção
Civil (englobando os vários profissionais), explicou o que está a ser feito
desde o dia em que chegaram, que foi também o mesmo em que começaram a
trabalhar. Esta quinta-feira mesmo chega à Beira um avião militar fretado por
Portugal com material médico e logístico, disse o responsável, lembrando que em
breve chegará também outro hospital do INEM (Instituto Nacional de Emergência
Médica).
E toda esta semana, em
articulação com as autoridades locais, quatro portugueses com motosserras têm
estado a cortar as árvores que ainda impedem a circulação nalgumas zonas da
Beira, um trabalho precioso porque nos primeiros dias após o ciclone o corte de
madeira era sobretudo com machados e catanas. "Saem todos os dias com
funcionários da administração local. Esta quinta-feira vão a um parque de uma
escola para cortar árvores centenárias que foram arrancadas pelo ciclone",
disse Pedro Nunes.
Outros elementos da força de Protecção
Civil, nomeadamente da GNR, estão a trabalhar em Buzi na purificação de água, a
pensar também na redução dos casos de doenças, estando já definido que no final
da missão o equipamento fica no local. "A princípio as pessoas olhavam-nos
com desconfiança, mas neste momento já perceberam a nossa presença", disse
Pedro Nunes, adiantando que estão a transportar alimentos para Buzi em botes
porque a estrada de ligação à vila ainda está fechada. Entre 15 a 20 mil
pessoas vivem em Buzi. Segundo o responsável, citando as autoridades
moçambicanas, é possível que no próximo fim-de-semana a estrada possa ser
reaberta.
A presidente do Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades, Augusta Maita, e o ministro que coordena as
operações de apoio às pessoas afectadas, Celso Correia, pediram também à missão
da Protecção Civil para que mapeassem a vila de Buzi, com drones, para que haja
uma noção do "estado geral do edificado", o que tem estado a ser
feito.
"O grande foco de trabalho é
em Buzi", segundo Pedro Nunes, à frente de uma missão de cerca de 70
homens, instalados em 19 tendas junto do aeroporto, nas traseiras do antigo
Aeroclube da Beira. Os profissionais vindos de Portugal estavam preparados para
fazer resgate aquático, tendo trazido sete botes de Portugal, mas com a descida
dos níveis das águas deixou de ser necessário. Conta Pedro Nunes que as pessoas
deixaram de querer sair das suas localidades e que pedem que antes lhes levem
ajuda lá. "É isso que fazemos", disse.
Pedro Nunes tem assento na reunião
diária das autoridades moçambicanas envolvidas no apoio às vítimas do ciclone
Idai e das cheias que se lhe seguiram. É o único estrangeiro a ter assento
nessas reuniões, onde por vezes também participa o responsável no terreno do
Programa Alimentar Mundial, igualmente um português.
O responsável lembrou ainda à
Lusa que integrados na missão da Protecção Civil estão também dois
profissionais da EDP, que fazem a avaliação do grau de destruição da rede e das
necessidades, para apresentar depois um plano de recuperação. "Há trabalho
para um ano ou mais, há sítios onde a rede tem de ser toda recuperada",
disse Pedro Nunes, citando informação daqueles profissionais. "Somos o
único grupo europeu do género. Os únicos módulos europeus a trabalhar são os
portugueses", segundo Pedro Nunes.
Questionado sobre se a ajuda está
de facto a chegar às pessoas o responsável disse desconhecer que não esteja a
chegar e disse que na vila de Buzi houve o caso de alimentos que ali chegavam
não eram distribuídos para localidades mais pequenas, mas acrescentou que a
situação "está a ser corrigida". A missão, disse, vai também começar
a distribuir, para Buzi, tendas que foram enviadas pela ajuda humanitária.
O secretário de Estado da Protecção
Civil, José Artur Neves, na Beira até à próxima sexta-feira, visitou esta
quinta-feira o local onde estão instalados os portugueses da Força Conjunta.
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Fonte: Correio da Manhã
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