quarta-feira, 1 de outubro de 2008

2021. Conferência internacional discute influência da política na gestão de recursos hídricos em África

A predominância das questões políticas na gestão dos recursos hídricos em África é um dos temas em debate na conferência internacional que começa quinta-feira no Porto, com a presença do inglês Tony Allan, um dos maiores especialistas mundiais do sector. A conferência, uma iniciativa do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP), envolve académicos, investigadores e quadros técnicos de uma dezena e meia de países, que vão analisar o problema dos recursos hídricos em África, onde se estima que metade da população não tenha acesso a fontes de água com qualidade.
Para Ana Cascão, especialista do CEAUP e principal promotora desta conferência, os problemas relacionados com a gestão dos recursos hídricos no continente africano "são mais de natureza política e de gestão do que originados por falta de água". "O maior problema em África não é saber se há ou não água, mas o que se faz com a que existe", afirmou a especialista, acrescentando que "a questão é como se pode fazer a água chegar a quem precisa dela". Nesse sentido, admitiu que a realização desta conferência internacional "pode ajudar a combater o pessimismo e o conformismo existentes e permitir passar a acções concretas".
O inglês Tony Allan, que venceu este ano o Stockholm Water Prize – o maior prémio internacional dedicado aos recursos hídricos – é um dos principais convidados desta conferencia, que contará com especialistas oriundos de vários países africanos, nomeadamente Moçambique, Angola, Botsuana, Etiópia, Tunísia, Nigéria e África do Sul. Nos trabalhos vão também participar especialistas provenientes de países europeus, designadamente Portugal, França, Holanda, Bélgica, Alemanha e Inglaterra.
Em confronto, durante a conferência, estarão as posições defendidas pelos hidropessimistas, para quem o problema dos recursos hídricos em África não tem solução devido a vários factores, e as que defendem os hidro-optimistas, que entendem que é possível aos africanos chegar a uma solução que permita a todos o acesso à água.
No primeiro dia de trabalhos, os participantes vão analisar questões como as políticas de água transfronteiriças, a importância da água na agricultura e o acesso à água como um direito humano fundamental. No dia seguinte, os trabalhos abordarão temas como a relação entre a água e as alterações climáticas ou a descentralização e regionalização da gestão dos recursos hídricos.
Durante a conferência vão ser apresentadas comunicações sobre vários casos concretos, entre os quais os que se referem ao acesso à água em Cabo Verde, na capital angolana, Luanda, e na área metropolitana de Maputo, capital de Moçambique.
O Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto foi fundado em Novembro de 1997, constituindo desde 1999 uma unidade de investigação financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, que reúne actualmente 31 investigadores.

* * * * * * * * * * * * * * *

Sem comentários: